sábado, 31 de janeiro de 2009

Fim do programa Violão, com Fábio Zanon

Amigo internauta,

Desde 2006 Fábio Zanon tem apresentado programas na Rádio Cultura FM de São Paulo dedicados à difusão do violão, em especial da produção para violão feita no Brasil. Todos os programas podem ser baixados em www.vcfz.blogspot.com .

Nessa semana o programa saiu do ar. Com o final dele, mais uma vez a Rádio Cultura exclui o violão da sua programação. Voltaremos a ter, em pleno Brasil, uma rádio dedicada à música erudita e instrumental que exclui quase que por completo o instrumento mais tocado em nosso país, e que já provou várias vezes que merece ser tratado com respeito.

Quem quiser enviar alguma mensagem de protesto, pode escrever para violao@culturafm.com.br , falecom@culturafm.com.br e gioconda@culturafm.com.br .

Segue um texto escrito pelo próprio Fábio Zanon que fala das conquistas do programa.

Série “O Violão Brasileiro” – Rádio Cultura FM de São Paulo

Balanço Geral

Idealização, roteiro e apresentação: Fabio Zanon
Produção: Gláucia Molina
Trabalho técnico: Almir Amador
Consultoria: Gilson Antunes

Freqüência: semanal
Início: 5 de abril de 2006
Final: 28 de janeiro de 2009
Número de programas: 148
Número total de programas da série Violão com Fabio Zanon: 161

O objetivo da série foi traçar um panorama o mais completo possível da diversidade do violão brasileiro, sua posição na cultura musical nacional, seus compositores, seus intérpretes, em todos os gêneros de música puramente instrumental.

No nosso conhecimento, este foi um formato único na história do rádio brasileiro.
Chegamos ao final com a certeza de não ter deixado nenhuma pedra sem ser revirada e praticamente nenhum assunto relativo ao violão brasileiro sem ser investigado.

O levantamento deste material apresentou dificuldade considerável. Contamos com a boa vontade de colecionadores de discos, estudiosos, acadêmicos, e colegas concertistas que se dispuseram, graciosamente, a realizar gravações exclusivas para o programa. O número de livros, artigos de jornais e revistas e dissertações acadêmicas consultadas é incalculável.
O professor Gilson Antunes (Universidade Federal da Paraíba) desempenhou, também graciosamente, o papel de consultor, elaborando o projeto-piloto da série e chamando nossa atenção a uma quantidade considerável de fontes de pesquisa.

A série criou um número significativo de reverberações:
- proposta de re-utilização do material em forma de livro
- proposta de re-masterização e lançamento comercial de gravações históricas mostradas no programa (pelo selo Master Class)
- proposta de gravação comercial de uma série de dez CDs de repertório brasileiro inédito (a ser confirmada)
- inclusão de obras inéditas ao repertório corrente de concertistas e estudantes de violão
- festivais dedicados ao violão brasileiro
- re-valorização de intérpretes que permaneciam à margem do atual cenário de concertos e shows
- elaboração de um blog na internet, gravado diretamente da transmissão online da Rádio Cultura, que disponibiliza os programas já transmitidos
- uso deste blog como material de pesquisa, já citado em teses de mestrado e doutoramento, inclusive fora do Brasil
- uso como material didático em escolas de música de todo o país
- divulgação considerável de artistas brasileiros no exterior através da audição online do programa e do blog

ENTREVISTAS

Apesar da considerável demanda de tempo, conseguimos criar um acervo único de entrevistas com intérpretes, compositores, luthiers e colecionadores.

Vários de nossos mais importantes compositores deram, pela primeira vez, entrevistas exclusivamente sobre suas composições para violão.

Algumas de nossas entrevistas destacam-se pela raridade, pelo fato dos artistas serem reclusos, morarem há muito tempo no exterior ou estarem afastados da carreira (Índios Tabajaras, Sérgio Abreu, Geraldo Ribeiro, Celso Machado, etc.).

Nossos entrevistados:

Marlos Nobre, Almeida Prado, Alexandre de Faria, Turíbio Santos, Quaternaglia, Jodacil Damaceno, Quarteto Maogani, Henrique Pinto, Índios Tabajaras, Marcelo Kayath, Cristina Azuma, Everton Gloeden, Flávio Apro, Gilson Antunes, Victor Castellano, José Rastelli, Antonio Guedes, João Luiz e Douglas Lora, Duo Fernando Lima & Cecília Siqueira, Paulo Porto Alegre, Aliéksey Vianna, Geraldo Ribeiro, Sérgio Abreu, Carlos Barbosa Lima, Ronoel Simões, Sérgio Assad, Maurício Carrilho, Paulo Bellinati, Francisco Araújo, Marco Pereira, Duofel, Guinga, Toninho Horta, Celso Machado, Ulisses Rocha, Maurício Marques, Antonio Rago, Alessandro Penezzi, Chico Saraiva, Claudio Arone

GRAVAÇÕES EXCLUSIVAS

No decorrer de nosso trabalho de pesquisa, ficou claro que há uma enorme escassez de gravações de obras de compositores eruditos brasileiros.

O idealizador do programa convidou colegas e estudantes a prepararem obras inéditas para o programa. Estas gravações constituem um patrimônio único e foram realizadas graciosamente pelos artistas envolvidos.

Os compositores cujas obras tiveram sua 1ª gravação mundial feita com exclusividade para o programa violão com Fabio Zanon:

Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Radamés Gnattali, Marlos Nobre, Guerra-Peixe, Lorenzo Fernandez, Walter Burle Marx, Almeida Prado, Aylton Escobar, Ernst Mahle, Cláudio Santoro, Souza Lima, Guerra Vicente, Jorge Antunes, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Esther Scliar, Dimitri Cervo, Eunice Catunda, Sérgio de Vasconcelos Correa, Osvaldo Lacerda, Ernest Widmer, Nelson Macedo, Alexandre de Faria, Marcus Siqueira, Eduardo Escalante, Sílvia de Lucca, Celso Mojola

Os intérpretes que, como cortesia, realizaram estas gravações:

André Simão, Gilson Antunes, André Priedols, Flávio Apro, Álvaro Henrique, Marcos Victora Wagner, Paulo Vinícius, Eduardo Minozzi Costa, Felipe Garibaldi, Luciano César Moraes, Daniel Murray, Marcos Flávio Nogueira, Henrique Rebouças, Fabio Bartoloni, Fabio Zanon



A série foi dividida em três blocos:

- Nossos compositores (focalizando compositores não-violonistas, da vertente sinfônica ou erudita)

- Nossos intérpretes (focalizando violonistas não-compositores, na sua maioria da vertente erudita)

- Os criadores (focalizando violonistas-compositores, tanto da vertente clássica quanto da popular)

Tivemos também programas especiais sobre os luthiers brasileiros, a viola brasileira e o violão no período colonial, além de quatro programas comemorativos focalizando o próprio apresentador.

Também organizamos o material em mini-séries sobre Os Pioneiros, Novos Intérpretes, o violão em São Paulo, o violão em Minas, o violão no Nordeste, o violão no Sul e Personalidades do Violão Carioca.


Bloco I: Nossos compositores

Villa-Lobos, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Radamés Gnattali, José Maurício Nunes Garcia, Marlos Nobre, Theodoro Nogueira, José Vieira Brandão, Guerra-Peixe, Lorenzo Fernandez, Walter Burle Marx, José Alberto Kaplan, Bruno Kiefer, Edino Krieger, Ronaldo Miranda, Gilberto Mendes, Willy Corrêa de Oliveira, Rodolfo Coelho de Souza, Alexandre Eisenberg, Almeida Prado, Aylton Escobar, Ernst Mahle, Cláudio Santoro, Souza Lima, Guerra Vicente, Jorge Antunes, Harry Crowl, Arthur Kampela, Achille Picchi, Roberto Victorio, Lina Pires de Campos, Antonio Ribeiro, Amaral Vieira, Orlando Fagnani, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Esther Scliar, Ricardo Tacuchian, Lelo Nazario, James Corrêa, Tato Taborda, Dimitri Cervo, Estércio Márquez Cunha, Fernando Mattos, Nestor de Hollanda Cavalcanti, Sérgio Barboza, Eunice Catunda, Sérgio de Vasconcelos Correa, Osvaldo Lacerda, Ernest Widmer, Nelson Macedo, Edmundo Villani Cortes, Alexandre de Faria, Marcus Siqueira, Vânia Dantas Leite, Guido Santorsola, Alexandre Schubert, Andersen Viana, Wellington Faria, Gilberto Carvalho, Mikhail Malt, Sílvio Ferraz, Flo Meneses, Eduardo Escalante, Sérgio Molina, Sílvia de Lucca, Luis Carlos Cseko, Roberto Velasco, Celso Mojola

Bloco II: Nossos Intérpretes

Turíbio Santos, Marcus Llerena, Paulo Martelli, Marcos Vinícius, Duo Assad, Os Três Sustenidos, Sexteto Paulistano de Violões, Trio Opus 12, Quarteto Brasileiro de Violões, Quaternaglia, Jodacil Damaceno, Quarteto Maogani, Henrique Pinto, Índios Tabajaras, Marcelo Kayath, Josefina Robledo, Maria Luisa Anido, Monina Távora, Maria Lívia São Marcos, Olga Praguer Coelho, Angela Muner, Cristina Azuma, Márcia Taborda, Maria Haro, Paola Pitchersky, Teresinha Soares, Edelton e Everton Gloeden, Flávio Apro, Gilson Antunes, Victor Castellano, José Rastelli, Antonio Guedes, Eraldo Pinheiro, Thiago Colombo, Attilio Bernardini, Alfredo Scupinari, Milton Nunes, João Luiz e Douglas Lora, João Pedro Borges, Duo Fernando Lima & Cecília Siqueira, André Simão, Paulo Porto Alegre, Armando Vidigal, Eustáquio Grilo, Giacomo Bartoloni, Edson Lopes, Dagoberto Linhares, Darcy Villa-Verde, Antonio Rebello, Décio Arapiraca, Norberto Macedo, Fernando Araújo, Aliéksey Vianna, Geraldo Ribeiro, Leo Soares, Luiz Gonzaga da Silva, Genésio Nogueira, Nicolas Souza Barros, Marcos Allan, Armildo Uzeda, Eduardo Meirinhos, Luis Carlos Mantovani, Fabrício Mattos, Agustín Barrios, Sólon Ayala, Eduardo Castañera, Mario Ulloa, Paul Galbraith, Duo Abreu, Sérgio Abreu, Eduardo Abreu, Carlos Barbosa Lima, Fabio Shiro Monteiro, Daniel Wolff, Duo Barbieri-Schneiter, José Lucena, Leandro Carvalho, Camilo Carrara, Vital Medeiros, Ronoel Simões

Bloco III: Os Criadores

João Pernambuco, Dilermando Reis, Canhoto, Laurindo Almeida, Satyro Bilhar, Quincas Laranjeiras, Levino da Conceição, Glauco Vianna, Henrique Britto, Antonio Giacomino, Rogério Guimarães, Mozart Bicalho, Sérgio Assad, Armando Neves, Maurício Carrilho, Isaías Sávio, Garoto, Othon Salleiro, Benedito Chaves, José Augusto de Freitas, Bola Sete, Canhoto da Paraiba, Francisco Soares de Souza, Baden Powell, Paulo Bellinati, José Meneses, Francisco Araújo, Odilon Kneipp Fleury, Hamilton Lobo, Victor Lobo, José de Oliveira Queiroz, Marco Pereira, Duofel, Guinga, Erisvaldo Borges, Antonio Madureira, Paulinho Nogueira, Toninho Horta, Sebastião Tapajós, Nicanor Teixeira, Toquinho, Paulinho da Viola, Luís Bonfá, Nonato Luiz, Juarez Moreira, Chiquito Braga, Henrique Annes, Wander Vieira, Marcelo Campello, Alexandre Atmarama, José Barrense Dias, Josmar Assis, Zé do Carmo, Geraldo Vespar, Waltel Branco, João Lyra, Nenéu Liberalquino, Edvaldo Cabral, Pedro Cameron, Marcos Lopes, Nestor Hollanda Cavalcanti, Celso Machado, Egberto Gismonti, Ulisses Rocha, André Geraissati, Eduardo Agni, Carlinhos Antunes, Hélio Delmiro. Romero Lubambo, Jaime Ernest Dias, Rogerio Caetano, Quarteto Artesanal, Marambaia, Rosinha de Valença, Badi Assad, Maurício Marques, Aymoré, Paulo Barreiros, Sílvio Santisteban, Avena de Castro, Antonio Rago, Sérgio de Pinna, Marcelo Fortuna, Alessandro Penezzi, Chico Saraiva, Rafael Rabelo, Yamandu, Otacílio Amaral, Nelson e Alexandre Piló, Gilvan de Oliveira, Caxi Rajão, Weber Lopes, Beto & Wilson Lopes, Geraldo Viana, Teodomiro Goulart, Jaime Zenamon, Paraguassu, Poly, Israel Almeida, Toninho Breves, Jair de Paula, Zé Henrique Martiniano, Juarez de Ilhabela, José da Conceição, Marcus Tardelli, Leandro Carvalho, Chico Pinheiro, Zé Paulo Becker, Euclides Marques, Conrado Paulino, Victor Biglione, Leonardo Boccia

Relação dos programas, em ordem de apresentação:

2006
1 – Centenário Gnattali I 5/4
2 – Gnattali II 12/4
3 – João Pernambuco 19/4
4 – Dilermando Reis 26/4
5 – Mignone I 3/5
6 – Canhoto 10/5
7 – Henrique Pinto 17/5
8 – Laurindo Almeida 24/5
9 – Gnattali III 31/5
10 – Pioneiros I: Satyro Bilhar, Quincas Laranjeiras, Levino da Conceição 7/6
11 – Turíbio Santos 14/6
12 – Marlos Nobre 21/6
13 – Novos IntérpretesI: Marcus Llerena, Paulo Martelli, Marcos Vinícius 28/6
14 – Pioneiros II: Glauco Vianna, Henrique Britto, Antonio Giacomino 5/7
15 – Duo Assad 12/7
16 – Theodoro Nogueira, José Vieira Brandão 19/7
17 – Conjuntos I: Os Três Sustenidos, Sexteto Paulistano de Violões, Trio Opus 12, Quarteto Brasileiro de Violões 26/7
18 – Gnattali IV 2/8
19 – Conjuntos II: Quaternaglia 9/8
20 – Pioneiros III: Rogério Guimarães e Mozart Bicalho 16/8
21 – Jodacil Damaceno 23/8
22 – Sérgio Assad, o compositor 30/8
23 – Guerra-Peixe, Lorenzo Fernandez, Walter Burle Marx 6/9
24 – Conjuntos III: Quarteto Maogani 13/9
25 – Armando Neves 20/9
26 – Maurício Carrilho 27/9
27 – Isaías Savio 3/10
28 – Índios Tabajaras 10/10
29 – Garoto 17/10
30 – Marcelo Kayath 24/10
31 – Gnattali V 1/11
32 – As mulheres e o violão I 8/11
33 – As mulheres e o violão II 15/11
34 – José Alberto Kaplan, Bruno Kiefer 22/11
35 – Edino Krieger, Ronaldo Miranda 29/11
36 – Pioneiros IV: Othon Salleiro, Benedito Chaves, J. Augusto de Freitas 6/12
37 – Bola Sete 13/12
38 – O violao do Nordeste I: Canhoto da Paraiba, Francisco Soares 20/12
39 – Gnattali VI 27/12

2007
40 – Villa-Lobos I 3/1
41 – Edelton e Everton Gloeden 10/1
42 – Villa-Lobos II 17/1
43 – O violão na música nova: Gilberto Mendes, Willy Corrêa de Oliveira, Rodolfo Coelho de Souza 24/1
44 – O violão no período colonial 31/1
45 – Novos Intérpretes II: Flávio Apro, Gilson Antunes, Victor Castellano 7/2
46 – Baden Powell 14/2
47 – Ronoel Simões 21/2
48 – Paulo Bellinati 28/2
49 – Alexandre Eisenberg 7/3
50 – O violão no Nordeste II: José Meneses, Francisco Araújo 14/3
51 – O violão nos rincões: Vital Medeiros, Odilon Kneipp Fleury, Hamilton Lobo, Victor Lobo, José de Oliveira Queiroz 21/3
52 – Almeida Prado, Aylton Escobar 28/3
53 – Marco Pereira 3/4
54 – Duofel 11/4
55 – O violão em São Paulo I: Rastelli, Antonio Guedes, Eraldo Pinheiro 18/4
56 – Novos Intérpretes III: Maurício Marques, Thiago Colombo 25/4
57 – Guinga 2/5
58 – O violão no Nordeste III: Erisvaldo Borges, Antonio Madureira 9/5
59 – Mignone II 16/5
60 – O violão em São Paulo II: Aymoré, Paulo Barreiros, Milton Nunes, Sílvio Santisteban 23/5
61 – Paulinho Nogueira 30/5
62 – Ernst Mahle 7/6
63 – O violão em Minas I: Toninho Horta 13/6
64 – Cláudio Santoro, Souza Lima, Guerra Vicente 20/6
65 – Sebastião Tapajós 27/6
66 – Novos intérpretes IV: João Luiz e Douglas Lora 4/7
67 – O violão no Nordeste IV: João Pedro Borges 11/7
68 – Novos Intérpretes V: Mário da Silva, Luiz Cláudio Ferreira 18/7
69 – Harry Crowl, Arthur Kampela 25/7
70 – O Violão em Brasília I : Dilermando, Geraldo Ribeiro, Eustáquio Grilo 1/8
71 – Achille Picchi, Roberto Victorio 8/8
72 – O Violão em São Paulo III: Paulo Porto Alegre, Armando Vidigal 15/8
73 – Novos Intérpretes VI: Duo Fernando & Cecília, André Simão 22/8
74 – Camargo Guarnieri e Lina Pires de Campos 29/8
75 – O Violão em São Paulo IV: Antonio Rago 5/9
76 – Dagoberto Linhares, Darcy Villa-Verde 12/9
77 – O Violão no Nordeste V: Nicanor Teixeira 19/9
78 – Personalidades do violão carioca I 26/9
79 – Toquinho e Paulinho da Viola 3/10
80 – O violão em Minas II: Fernando Araújo, Aliéksey Vianna 10/10
81 – Luís Bonfá 17/10
82 – Personalidades do Violão Carioca II 24/10
83 – O Violão em São Paulo V: Giacomo Bartoloni, Edson Lopes 31/10
84 – O violão no Nordeste VI: Nonato Luiz 7/11
85 – Novos Intérpretes VII: Chico Saraiva e Alessandro Penezzi 14/11
86 – Theodoro Nogueira II 21/11
87 – Geraldo Ribeiro 28/11
88 – FZ I 5/12
89 – FZ II 12/12
90 – FZ III 19/12
91 – FZ IV 26/12

2008
92 – Ricardo Tacuchian 2/1
93 – Personalidades do Violão Carioca III 9/1
94 – Cristina Azuma 16/1
95 – O violão em Minas III: Chiquito Braga, Juarez Moreira 23/1
96 – Carlos Alberto Pinto Fonseca, Esther Scliar, Osvaldo Lacerda 30/1
97 – Novos Intérpretes VII: Eduardo Meirinhos, Luis Carlos Mantovani, Fabrício Mattos 6/2
98 – Lelo Nazário, James Corrêa, Dimitri Cervo 13/2
99 – O violão no Nordeste VII: Henrique Annes, Wander Vieira, Marcelo Campello, Alexandre Atmarama 20/2
100 – Os luthiers brasileiros I 27/2
101 – Os luthiers brasileiros II 5/3
102 – O violão no Pará 12/3
103 – Os brasileiros adotivos I 19/3
104 – Zezo Ribeiro 26/3
105 – Duo Abreu 2/4
106 – Sérgio Abreu 9/4
107 – Eduardo Abreu 16/4
108 - O violão no Nordeste VIII: Barrense Dias, Josmar Assis, Zé do Carmo 23/4
109 - Geraldo Vespar, Waltel Branco 30/4
110 - Estrangeiros II: Leonardo Boccia, Santorsola 7/5
111 - Novos Intérpretes VIII: Marcus Tardelli, Leandro Carvalho, Zé Paulo Becker 14/5
112 - Octacílio Amaral, Fabio Shiro Monteiro, Daniel Wolff 21/5
113 - Alexandre Schubert, Andersen Viana, Wellington Faria 28/5
114 – Fernando Mattos, Estércio Marquez Cunha 4/6
115 – Nestor de Hollanda Cavalcanti, Sérgio Barboza 11/6
116 - Egberto Gismonti 18/6
117 – Villa-Lobos III 25/6
118 – Pedro Cameron, Edmundo Villani Cortes 2/7
119 – Violão em São Paulo VI: Zé Henrique Martiniano, Laércio Ilhabela, José da Conceição, Paulo Tiné, Toninho Breves, Jair de Paula 9/7
120 - Duo Barbieri-Schneiter 16/7
121 – Carlos Barbosa Lima I 23/7
122 – Carlos Barbosa Lima II 30/7
123 – Estrangeiros III: Jaime Zenamon e Conrado Paulino 6/8
124 – O violão em Minas III: Gilberto Carvalho e Teodomiro Goulart 13/8
125 – Paraguassu, Poly, Maurício de Oliveira 20/8
126 - Violão em Minas V: Gilvan de Oliveira, Caxi Rajão, Beto & Wilson Lopes 27/8
127 – Hélio Delmiro, Romero Lubambo 3/9
128 – Novos Intérpretes IX: Camilo Carrara, Chico Pinheiro, Euclides Marques 10/9
129 – Marcos Lopes, Marcus Siqueira, Mauricio Orosco 17/9
130 – Violão no Nordeste IX: Nenéu Liberalquino, Edvaldo Cabral, Fidja 24/9
131 - Violão em Brasília II: Orquestra de Violões de Brasília, Jaime Ernest Dias, Rogerinho Caetano, Trio Brasília Brasil, Quarteto Artesanal, Marambaia e Fernando Dell'Isola, Álvaro Henrique 1/10
132 – Celso Machado 8/10
133 – Violão em São Paulo VII: Israel Almeida, Eduardo Agni, Rogério Dentello, Arthur Nestrovsky 15/10
134 – Ulisses Rocha 22/10
135 – A Viola Caipira 29/10
136 – Violão em Minas VI: José Lucena, Nelson e Alexandre Pilo, Weber Lopes, Geraldo Viana 5/11
137 – O Violão de 7 Cordas: Tute, China, Dino, Marcello Gonçalves, Zé Barbeiro, Luizinho 7 cordas 12/11
138 – Mikhail Malt, Sílvio Ferraz, Flo Meneses, Luiz Carlos Cseko 19/11
139 – Raphael Rabello 26/11
140 – Mário Ficarelli, Celso Mojola, Sérgio Molina, Sílvia de Lucca 3/12
141 – Osvaldo Lacerda, Eunice Catunda, Sérgio de Vasconcelos Corrêa 10/12
142 – Marlos Nobre II 17/12
143 - Marlos Nobre, Eduardo Escalante, Ernst Widmer, Nélson Macedo, Paulo de Tarso Salles 24/12
144 - Alexandre de Faria 31/12

2009
145 – Yamandu Costa 7/1
146 – Raspa do Tacho I: Dilermando Reis, Alexandre Sapienza, Radamés Gnattali, Walter Burle-Marx, Roberto Vellasco 14/1
147 – Raspa do Tacho II: 160. Olga Praguer Coelho, Ione Ferreira, Marcos Alan, Márcio Côrtes, Mauro Rocha, Brasil Guitar Duo 21/1
148 – Raspa do Tacho III: João Lyra, Alvino Argolo, Djalma Marques, Gaetano Galifi, Victor Biglione, André Geraissati, Marcos Gomes, Maogani 28/1

Nossos agradecimentos

À Gláucia Molina e Almir Amador, pela eficiência e leveza de espírito; à Sonia Maria de Lutiis, por se ocupar da produção do programa durante a licença de Gláucia Molina; a José Roberto Walker, ex-diretor da Rádio Cultura, por abraçar a idéia; e à Gioconda Bordon, atual diretora da Rádio Cultura, pelo apoio dado apoio à continuação da série na etapa inicial da re-estruturação da programação.

Aos colaboradores, numerosos demais para serem listados, que disponibilizaram gravações, livros, artigos de imprensa, dissertações, etc., com destaque para Gilson Antunes, Ivan Paschoito e Ronoel Simões, pelo apoio continuado ao longo dos quase três anos de transmissão, e a Ricardo Dias, Jodacil Damaceno, Marcelo Brasil, Márcia Taborda e Eugenio Reis pela colaboração pontual.

Aos idealizadores e mantenedores do blog vcfz.blogspot.com.

A Ricardo Dias e João Cavalli, pelas entrevistas feitas fora de São Paulo.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O que é música pra você?

Amigo internauta,

Vez ou outra alguém me faz essa pergunta fascinante e ameaçadora. A cada nova reflexão me sinto como uma toupeira num buraco que sempre cava, cava, sem jamais encontrar a luz do sol, mas acaba descobrindo nas entranhas da terra coisas tão ricas que achar um raio de luz não parece mais tão importante.

Há uma passagem na Bíblia que acho fantástica: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele" (João 1:1-3).

Uma das coisas que mais me intrigam nessa passagem é que ela é o começo do Evangelho de São João. Ora, nos evangelhos é pra ser narrada a vida de Jesus Cristo. Por quê iniciar com uma descrição da criação do mundo? Será que é porque a narração que conhecíamos precisava ser melhorada?

Outra coisa fantástica é que ela fala que Deus era o Verbo, que a linguagem é a própria divindade. E foi por meio da linguagem que se fez o mundo. Ou seja, há uma linguagem que é o próprio Deus, e essa é a linguagem responsável pela criação de todas as coisas.

Como seria essa linguagem criadora? Isso talvez esteja acima da compreensão humana. Porém, vendo o mundo podemos ter uma ideia de como ela seria. E o mundo é um sem-fim de relações, proporções, razões... A natureza é um grande compêndio de geometria e aritmética. Mas não há por aí relações quaisquer. Um flor não tem seis pétalas, terá cinco, oito ou outro número da sequência de Fibonacci.

Toda linguagem que o homem faz com intenção de recriar o mundo acaba tendo mais homem que mundo, distorcendo a criação divina. Um candelabro com seis lâmpadas não usa relações que vemos na natureza. As pinturas e as esculturas "corrigem" as proporções da fauna e da flora. A arquitetura muitas vezes é construída a partir de quadrados, enquanto no mundo dominam os círculos, os triângulos e os hexagonos.

A linguagem verbal é ainda pior, pois ela é precisa na hora de comunicar as idéias e criações do homem, mas imprecisa pra dizer as coisas do mundo. Quando olho um avião e escrevo a palavra correspondente, a imagem que a maioria das pessoas terão na sua mente será exatamente a mesma imagem que vi. Já quando olho uma árvore e escrevo essa palavra, é possível que nenhum leitor pense numa imagem semelhante à que olhei. É preciso criar toda uma nomenclatura complicada, acessível a poucos, pra conseguir um efeito similar. Só quando escrevo Mangifera indica é possível encontrar um número de leitores que imaginam o mesmo que vi, na mesma proporção que encontro ao escrever uma palavra simples como avião.

Acredito que a música seja o mais próximo que o homem chegou dessa linguagem que criou o mundo. Toda a linguagem musical está baseada na relação dos sons, e esta proporção apresenta diversas semelhanças com as que vemos na natureza. Além disso, a música tem a rara capacidade de tocar o intocável, falar do indizível, atingir a essência das coisas, de ir além do mundo visível, algo que só a divindade tem o poder de fazer. A música seria, portanto, o que o homem tem de mais próximo desse Verbo que não só criou o mundo, mas é o próprio Deus.

Apesar de ser uma boa explicação, amigo internauta, não responde a pergunta inicial, e não diz nada do que é música pra mim. A verdade é que a resposta mais verdadeira a essa questão é exatamente a menos poética: a única forma que posso definir música, pra mim, é falando das minhas experiências e da minha vivência com a música. Ao fazer isso, não estou tratando de música, mas de mim. E sou apenas um homem, enquanto a música é algo tão grandioso e fantástico que só vale a pena falar de música.

É assim que acredito que estaremos sempre mais próximos desse Verbo, dessa transcendência que, na nossa cultura, chamamos de Deus.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mais da metade dos eleitores já não se lembram em quem votaram na última eleição

Amigo internauta,

Em diversos municípios o ano legislativo nem começou e mais de 50% dos eleitores brasileiros já esqueceram em quem votaram na última eleição.




Quem não se interessa por política acaba sendo governado por quem está repleto de interesses nela.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Elementos de uma composição musical (4)

Amigo internauta,

O último elemento básico de uma composição musical que é fruto direto das características do som e que vamos abordar é o timbre.

Todo som tem uma "cor" distinta, uma personalidade própria. É graças ao timbre do som que podemos reconhecer a voz de um amigo no telefone ou o ruído do carro de um parente.

O som, na natureza, é composto por várias frequências simples e períodicas que, por serem representadas num gráfico da mesma forma que uma função seno, são chamadas de ondas senoidais. Além disso, para emitir um som é preciso que haja uma colisão entre objetos distintos. Por fim, cada corpo tende a emitir algumas dessas ondas senoidais com mais facilidade que outras. A interação entre a intensidade de cada onda senoidal, o ruído da colisão entre os corpos, e quais dessas ondas têm mais facilidade de vibrar naquele corpo determinam o timbre, a personalidade única daquele som.

Por muito e muito tempo a música ocidental só se preocupava com as notas, e o timbre com que os sons eram tocados tinham pouca importância. Contanto que um intrumento pudesse tocar as notas que o compositor escreveu, isso bastava.

A partir do século XVII vemos o ínicio da preocupação com o timbre das notas numa composição musical. Ainda assim, podemos verificar que havia uma atenção maior com a obtenção de efeitos sonoros que nem todo instrumento é capaz de fazer, que com o timbre propriamente dito. Ou seja, se um outro instrumento fosse capaz de tocar aquele efeito (como imitar o canto de um pássaro), isso bastava.

Por exemplo, abaixo temos o vídeo de duas interpretações do primeiro movimento da Primavera, de Antonio Vivaldi (1678-1741). Vamos ouvir timbres diferentes, mas o espírito da composição, que é mostrar a beleza da chegada da primavera, a alusão a cantos dos pássaros, está presente nas duas versões.





A partir do século XIX começa uma busca incessante por dominar melhor o timbre, e levar o trabalho com essa característica do som à mesma meticulosidade que com outras. É a partir daí que começamos a encontrar composições em que mudar os timbres destrói a composição tanto quanto mudar as notas.

Entre os músicos que iniciaram essa busca citamos Maurice Ravel (1875-1937). Gostaria de falar da sua orquestração do Quadros de uma Exposição, obra de Modest Moussorgski (1839-1881). Por orquestrar chamamos o ato de adaptar uma composição para orquestra, um trabalho cuja essência é lidar com o timbre. Nessa orquestração, Ravel transforma a música de Moussorgski numa outra obra de arte - sem mudar uma nota. Abaixo vamos ouvir um trecho dessa composição, primeiro na versão original e em seguida a orquestração de Ravel.





Outro trabalho de destaque é sua composição Bolero. Inicialmente considerado pelo compositor um mero exercício de orquestração, essa música repete incessantemente o mesmo ritmo, a mesma harmonia, a mesma melodia, e tem como único elemento de variação a mudança de timbre. Ainda hoje parece um desafio inalcançável pra um compositor escrever uma música com cerca de 15 minutos que repita a mesma melodia, varie apenas o timbre e não soe chata. Ravel conseguiu isso mesclando instrumentos diferentes, criando sonoridades nunca antes ouvidas, com um domínio do timbre tão surpreendente que encanta a todos.



O século XX inicia encantado com essa nova dimensão do som. Pra muitos compositores, é como se uma porta para o infinito fosse aberta. Anton Webern (1883-1945), assim como Ravel, também tem entre suas principais obras a orquestração de uma obra de outro compositor. Vamos ouvir o Ricercar a 6, da Oferenda Musical, composta por Johann Sebastian Bach (1685-1750) primeiro ao cravo, e em seguida a orquestração de Webern.





Uma coisa interessante a observar da orquestração de Webern é que ele muda a instrumentação ao longo de uma mesma melodia, enquanto em Ravel uma linha é tocada pelo mesmo instrumento do começo ao fim. Essa fragmentação da melodia por meio da mudança de timbre é, ao meu ver, um equivalente aos quadros de Pablo Picasso. Em suas Cinco Peças para Orquestra podemos ouvir essa característica de forma mais intensa.



Com o advento da tecnologia de gravação e da geração de sons em computadores, esse novo universo não parecia ter mais fim. Em outra mensagem podemos abordar um pouco essa fascinante história da música com a tecnologia, que se inicia com um sonoplasta que trabalhava para um estúdio de cinema e chega aos DJs dos dias atuais. Um compositor que se dedicou a dominar esse universo, e ainda hoje é referência para diversos músicos foi Edgar Varèse (1883-1965). Abaixo temos um vídeo com sua composição Poema Eletrônico, feita com sons manipulados por computador, e imagens do arquiteto e urbanista francês Le Corbusier (1887-1965).



Esse novo mundo era fantástico, porém parecia pouco humano. Não só os sons não são produzidos pelo ser humano, mas um concerto com uma composição como essa teria no palco apenas um aparelho de som. Alguns compositores buscaram uma solução para o impasse entre descartar esse novo universo e manter a música como uma forma de comunicação humana, com o envolvimento de seres humanos. Karlheinz Stockhausen (1928 - 2007) parece ter encontrado uma ótima solução na sua grandiosa composição Gruppen.



Outros compositores, como Leo Brouwer (1939-) conseguiram encontrar uma solução mesmo escrevendo para um único instrumento, como podemos ouvir na sua composição La Espiral Eterna. Brouwer quis representar nessa obra o surgimento e o fim do universo, como um ciclo em que o fim é um novo começo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Notícias que não devem ser lidas

"Participantes do Fórum planejam 'outro mundo', mas lucram com o atual"

"Nossa, que hipocrisia", penso eu. De quem será que estão falando? Bill Gates? Empresas petrolíferas? Donos de indústrias bélicas? Fábricas que exploram trabalho infantil?

Não, amigo internauta, estão falando de estudante e camelô que está vendendo saia, lenço, camiseta, artesanato, lanchinhos.

Wall Street que se cuide!

Provando o improvável

Amigo internauta,

Em matéria da Folha de São Paulo, que pode ser lida parcialmente em http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u494506.shtml , comenta-se de uma pesquisa feita pela faculdade Ibmec de São Paulo que prova que maior investimento em educação não altera significantemente os resultados dos alunos. As únicas iniciativas que necessariamente levariam a melhores índices são aumento da carga horária e um corpo docente com maior formação acadêmica.

Na matéria completa, disponível apenas para assinantes UOL e da Folha, alguns especialistas refutam o resultado da pesquisa, com comentários óbvios. Duas frases valem a pena ser citadas na íntegra. O coordenador da pós-graduação em educação da USP, Romualdo Portela, falando da necessidade de o país atrair os adolescentes mais bem preparados do ensino médio para o magistério, falou que "a atratividade implica em maiores gastos, tanto presentes quanto futuros, pois será necessária mudança nos planos de carreira para possibilitar a retenção dos bons profissionais no futuro". Claro, se a qualidade do corpo docente faz diferente, e você quer um professor de escola pública tão inteligente quanto um advogado, é preciso que um professor ganhe um salário equivalente a um advogado.

Outro comentário óbvio foi do ex-diretor do Inep (instituto de pesquisas do MEC) e professor da USP de Ribeirão Preto, José Marcelino Rezende Pinto: "até uma porta sabe que dinheiro faz diferença, mas tem de ser um gasto significativo". Como exemplo, a reportagem comenta que os Cefets, escolas que estão entre as mais bem avaliadas nos rankings do Enem, têm um custo por aluno quatro vezes maior que o restante da rede pública.

Como, então, a faculdade Ibmec conseguiu a proeza de provar um absurdo desses, que investir mais em educação não traz nenhum resultado? Consegue encontrar uma explicação, amigo internauta?

Aliás, só eu nunca tinha ouvido falar nessa faculdade antes? No http://www.ibmecsp.edu.br/ descubro que essa faculdade particular tem apenas dois cursos de graduação (administração e economia), 150 alunos ingressa a cada semestre e ela possui apenas quatro professores titulares.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Equipamentos

Amigo internauta,

A pedido de alguns colegas, vou aproveitar esse espaço para falar um pouco dos equipamentos que uso pra tocar.

O violão que utilizo é feito pelo luthier Jorge Raphael. Luthier é como se chama a pessoa que trabalha fazendo instrumentos musicais. Portanto, é um instrumento construído artesanalmente, à mão. O violão abaixo não é o que utilizo, mas como sou um péssimo fotógrafo, faz mais justiça à qualidade do trabalho dele.


O Jorge Raphael vive em Viçosa, MG, próximo a Juiz de Fora. Ele era violonista profissional, dava aulas na UFV em um curso de extensão, e paulatinamente foi se dedicando à luteria. O considero um dos melhores construtores de violão brasileiros em atividade.

Tenho uma relação com ele bem interessante. Num festival, creio que em 2003, encontrei um colega, Roberto Rozado, que tinha um violão feito pelo Jorge. Era um instrumento muito barato, com algumas qualidades interessantes, e comecei a recomendar para pessoas que buscavam violões artesanais a baixo preço.

Algum tempo depois, comecei a procurar um violão novo pra mim. Na época tocava apenas com um violão 7 cordas feito na Grécia por Alkis (aliás, estou vendendo-o). Queria um violão com seis cordas. Nada que encontrei era exatamente o que buscava. Então, achei que seria melhor priorizar alguns aspectos do instrumento. O que melhor atendesse ao que achasse importante e, ao mesmo tempo, fosse ao menos regular nas demais, seria o violão que compraria.

Coloquei como elemento mais importante um bom equilíbrio e resposta, ou seja, que as notas graves soassem com o timbre parecido das notas agudas, que notas nas primeiras posições soassem parecidas com notas das posições mais altas, e que o estímulo que causasse uma mudança de timbre ou dinâmica numa região do instrumento proporcionasse a mesma mudança, no mesmo nível de intensidade, em outra.

Lembrei que as características que mais me chamaram a atenção no violão do Roberto Rozado foram exatamente essas, mas a potência do violão ainda não era a que eu buscava. De qualquer forma, resolvi ligar para o Jorge e conversar. Ele se propôs a me enviar um violão de teste, sem compromisso, para eu avaliar e, quem sabe, comprar o instrumento.

Recebi um violão que ainda não era exatamente o que queria, mas talvez era o mais potente que tinha conhecido até então. Nova conversa com o Jorge, trocamos ideias, ele iria fazer outro mais adequado e firmei a compra.

Desde então não me imagino usando outro violão feito no Brasil. Nosso intercâmbio continua, e estou para receber mais um violão dele. O que mais me impresssiona nele é que a cada novo instrumento sempre há uma evolução, uma resposta a algum comentário, e uma busca por atender melhor as necessidades de um concertista. E esse processo de melhoria do trabalho dele não parece ter fim.

Para saber mais, em http://www.alvarohenrique.com/entrevistajorgeraphael.html é possível ler uma entrevista do Jorge Raphael.

Estou utilizando tarrachas Graf. Como as tarrachas são fundamentais para manter o violão afinado e, no palco, afinar rapidamente e o mínimo possível é fundamental, estou cada vez mais convencido da importância de boas tarrachas.

Felipe Santos, um luthier carioca, se tornou representante das tarrachas Graf no Brasil, e está possibilitando adquiri-las por um preço mais acessível. Aproveitei essa oportunidade para comprar uma das melhores tarrachas feitas no mundo.

Para mais informações, http://www.graftuners.com/

Quanto a cordas, já usei praticamente de tudo, e noto que em violões diferentes, feitos pela mesma pessoa ou empresa, as cordas se comportam um pouco diferente.

O Franz Halasz me recomendou testar utilizar primas Savarez Alliance Red (tensão normal) combinadas com baixos Hannabach 728 low tension. Gostei, esses encordoamentos me surpreenderam. As primas de carbono dessa marca têm boa sustentação e projeção, sem a estridência agressiva das cordas de carbono que conheci antes.

Os baixos da Hannabach soam bem profundos, gordos e, ao contrário do que imaginei, não são molengas em função da tensão baixa.

Em relação a encordoamentos, ainda não achei um que fosse exatamente o que busco, então estou sempre testando, trocando, mesclando modelos e marcas diferentes, e variando. É possível que em pouco tempo esteja utilizando cordas totalmente diferentes.

Prefiro sempre tocar acústico, então não tenho equipamento de amplificação. Quando há necessidade de amplificar, utilizo o equipamento disponível no teatro ou auditório.

Há alguns meses estou utilizando para tocar a almofadinha de concerto da Matepis. Testei diversas posturas: com banquinho na perna esquerda, um banquinho em cada pé, apoios de todo o tipo. Preferia tocar com apoios, mas não encontrava um que fosse estável e não movesse o violão pra direita em relação ao tronco. Testei uma almofadinha da Matepis e gostei da idéia, só não me sentia à vontade com a estabilidade ainda. Pouco tempo depois recebi em casa uma versão com uma fita de velcro que pode prender a almofada na perna, e estou bem satisfeito com o resultado.

Para mais informações, http://www.matepis.com.br .

Como você deve ter notado, amigo internauta, passei um tempo buscando esse equipamento, procurando coisas que melhor atendessem à minha necessidade. É provável que outro instrumentista, com outras necessidades, preferirá equipamentos diferentes. Espero que essas informações possam guiar a busca de outras pessoas.

domingo, 25 de janeiro de 2009

John Neschling sai da OSESP, Yan Pascal Tortelier assume

Amigo internauta,

John Neschling saiu da direção da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) depois de 12 anos. Seu contrato se encerraria em 2010, mas sua saída foi antecipada após diversas manifestações do maestro contrárias à Fundação OSESP e ao governador de São Paulo, José Serra.

Admirado por seu trabalho de renovação da orquestra e pelo projeto de uma primeira orquestra de nível internacional no Brasil, há muito tempo ele goza de impopularidade em virtude de sua personalidade. Aparentemente, o apreço ao seu trabalho - ou o temor que ele fosse insubstituível - já não tem mais a força de antes.

Desejo que a OSESP continue o belo trabalho que tem feito. Seria ainda melhor que essa renovação promova um clima de entusiasmo para saltos ainda maiores.

Enquanto isso, não há forma melhor de aproveitar os frutos do trabalho de John Neschling à frente da OSESP que ouvir as gravações que ele fez para o selo sueco BIS. Em http://www.classicsonline.com/conductorbio/John_Neschling/ podemos comprar só o mp3 dessas gravações, com álbun inteiros a 10 dólares. Para quem prefere CDs, o site da BIS é http://www.bis.se/index.php?sokTyp=namn&sokText=neschling&Skicka=Search%21 , e eles podem ser encontrados em diversas lojas, como a Amazon.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Elementos de uma composição musical (3)

Amigo internauta,

Vamos falar agora de um elemento ao mesmo tempo simples e complicado: o ritmo.

A maneira simples de falar do ritmo é dizer que trata da duração dos sons. Isso é o suficiente para, intuitivamente, a maioria das pessoas compreender do que se trata. Porém, seria incompleta.

A música é uma arte que ocorre no tempo, que exige que as coisas se sucedam na linha do tempo. Comparando com outras artes, percebemos que a escultura, por exemplo, ocorre no espaço, e é preciso a existência das três dimensões espaciais para apreciá-la.

Porém, não basta que elementos se sucedam para se caracterizar como música. Do seu despertar ao seu adormecer, todos os dias, amigo internauta, você ouve sons após outros, e nem por isso chama o que você ouve andando nas ruas de música. Como música é uma forma de comunicação humana, ela precisa ser uma mensagem transmitida de um ser humano para outro. E só é possível fazer com que o som diga coisas de uma pessoa para outra se esse som for organizado por alguém. Sons ao acaso não são música.

Portanto, se a sucessão organizada de elementos sonoros no tempo é a música em si mesma, e ritmo é o elemento que descreve como está organizada a duração e a ordem de cada elemento, podemos dizer que o ritmo é a "alma" de uma composição musical, é o que dá vida a ela.

O domínio do ritmo é tão forte que, se uma pessoa cantar as notas de uma melodia com um ritmo diferente, com frequência é impossível reconhecê-la. Mas, se só o ritmo daquela melodia for tocado, é possível que outra pessoa saiba qual é.

Dessa forma, falamos de ritmo englobando absolutamente todos os demais elementos de uma música. Podemos falar de ritmo harmônico, indicando como os acordes se sucedem ao longo do tempo, por exemplo. Embora no plano teórico pareça complicado, na prática é muito simples. Por exemplo, ouça o vídeo abaixo:



Note que, no começo, cada acorde dura aproximadamente quatro pulsos (grosso modo, quatro batidas de pé). Depois de 8 acordes, o ritmo com que os acordes se sucedem dobra, e cada acorde passa a durar apenas 2 pulsos.

E isso pode ser feito com tudo.

Porém, no dia-a-dia, tanto músicos quanto ouvintes entendem por ritmo apenas o acompanhamento, especialmente o que os instrumentos de percussão tocam. Vamos falar um pouco dessa noção de ritmo.

Uma forma de uso do ritmo que foi predominante no passado e hoje só está presente em pequenos nichos apresenta uma sucessão não-regular dos elementos. No caso do vídeo abaixo, um excerto de canto gregoriano, o ritmo está subordinado ao texto religioso, que não é um texto poético com uma métrica regular.



O ritmo mais predominante na nossa cultura há diversos séculos apresenta regularidade na sucessão dos sons. Chamamos de compasso o que determina essa regularidade. Por exemplo, se uma música tem compasso ternário, ela apresenta um ciclo que sempre se repete a cada três pulsos (três batidas no pé). Ouviremos abaixo uma valsa em compasso ternário, a famosa Danúbio Azul, de Johann Strauss Jr (1825-1899).



Para comparar, uma composição em compasso binário, ou seja, ciclos de dois pulsos. Mamãe Eu Quero, em interpretação de Carmen Miranda.



Diversos compositores ao longo da história buscaram escrever músicas que, para ter maior riqueza rítmica, quebrassem um pouco da regularidade do compasso. Um recurso que foi muito comum no século XV ao XVII foi o uso da hemíola, que consiste em, grosso modo, tocar dois compassos ternários seguidos por três binários. Os ciclos do ritmo ficam, portanto 1 2 3, 1 2 3, 1 2, 1 2, 1 2. Segue abaixo um exemplo.



Alguns estilos musicais são caracterizados pela mudança constante de ciclos distintos, entre eles o flamenco, como percebemos no vídeo abaixo.



Porém, a maior parte da música que se escuta no ocidente é bem diferente, pois utiliza ostinatos. Ostinato é a repetição incessante de um elemento musical. Um ostinato rítmico, portanto, é um ritmo que é repetido constantemente ao longo de uma música. Abaixo, um exemplo de um uso radical de ostinatos, Nagoya Marimbas, de Steve Reich (1936-)



Um exemplo de uso mais comum do ostinato ouvimos na canção Holiday, de Madonna.



Fique à vontade para comentar e enviar dúvidas, amigo internauta.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Filmes que mudam sua visão de mundo

Amigo internauta,

Tive a oportunidade de conhecer filmes muito bacanas, por recomendação de colegas, que acredito que todo mundo deveria assistir.

O primeiro se chama "A Estória das Coisas". Com cerca de 20 minutos, explica de forma direta e clara como funciona a base da economia de diversos países: o consumo desenfreado.



"Zeitgeist" é muito mais ambicioso e dura cerca de duas horas. A palavra que dá título ao filme é um termo alemão que seria traduzido literalmente por "espírito do tempo". Ele fala de diversos mitos criados para oprimir o ser humano, e ao final sugere uma solução para escapar da opressão. Embora os primeiros 40 minutos possam ser ofensivos para pessoas religiosas, seria ótimo se elas assistissem até o fim. Vale a pena.



A continuação, "Zeitgeist - Addendum", é ainda mais direto e agressivo, e foca no funcionamento do sistema econômico:

http://www.zeitgeistmovie.com/add_portug.htm

Minha última díca é o filme "Corporation". Ele pretende falar do mundo por trás das grandes empresas.

Primeira parte:



Segunda parte:

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

É hoje!

Amigo internauta,

Em algumas horas iniciará a cerimônia de posse de Barack Obama.

Há 50 anos os EUA tinham políticas de apartheid. Negros não podiam frequentar certos estabelecimentos comerciais, havia assentos no transporte público que eles não podiam se sentar, e em alguns estados era proibido que eles estudassem numa universidade.

Hoje, um negro com o slogan de mudança no início da campanha e do "yes, we can" na reta final tem a responsabilidade de manter acesa a esperança do mundo. Inicia com uma crise complexa pra resolver e guerras que ele não começou mas dificilmente se encerrarão até o fim do seu mandato.

Se por um lado seria positivo acabar o mais rápido possível com essa crise que já diminuiu a bonança que se viveu no Brasil na última década, vejo com muita desconfiança como seria a vida prática dos brasileiros sob seu governo.

Barack Obama é, antes de tudo, presidente dos EUA e seu compromisso maior é melhorar as condições de vida de quem o pôs na presidência dos EUA (empresas de seu país, seu partido, seus eleitores, etc.). Vários dos interesses dessas pessoas entram em conflito com interesses brasileiros. Caso alguma decisão sua seja ótima pro seu país e péssima pra nós, ele não vai ter pena dos pobres e humildes do nosso país.

Quem soprou os últimos bons ventos da economia brasileira foi o agronegócio, especialmente grãos, álcool e carne. Sobre o álcool, ele já declarou publicamente que pretende criar barreiras para o álcool brasileiro para proteger os produtores estadosunidenses de álcool a partir do milho, que é mais caro, menos eficiente e compromete a produção de alimentos, mas é feito por quem votou nele. Presidentes democratas (como ele) costumam ter uma política protecionista e criam barreiras pra a compra de produtos agrícolas feitos fora dos EUA.

Então, amigo internauta, acho que é muito bom aproveitar esse período e festejar com intensidade todo o simbolismo de ver um negro ocupar a presidência dos EUA. Temo que, assim que ele comece a exercer o poder, perceberemos que não faz muita diferença a cor da mão de segura o "big stick", pois as porretadas doem igualmente.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Elementos de uma composição musical (2)

Amigo internauta,

Na mensagem anterior sobre música, falamos brevemente sobre a melodia. Vamos tratar de outro elemento da composição, a textura.

Como você deve ter notado, diversos termos usados na música tem origem extra-musical. Por exemplo, falamos quem um som é doce. Textura é um termo ligado ao tato, que indica se uma superfície é lisa, grossa, com um padrão, etc.

Na música, esse termo indica como estão entrançadas as linhas musicais, ou seja, como as partes dos instrumentos e vozes que tocam simultaneamente estão combinadas.

Há, basicamente, três tipo de textura: a monofônica, a homofônica e a polifônica.

Na textura monofônica, temos uma única melodia, sem qualquer tipo de acompanhamento com notas. Se uma composição monofônica utilizar mais de um instrumento ou cantor, como no vídeo abaixo, eles estão sempre cantando junto, ou em oitavas (as mesmas notas, apenas mais graves ou agudas).





A textura homofônica é a mais presente no nosso dia-a-dia, e que consiste numa melodia independente, acompanhada por outras notas que não constituem em si outra linha melódica de interesse. Ouvimos um exemplo na interpretação de Hamilton de Holanda e Daniel Santiago de "Pra Sempre" (Hamilton de Holanda).



A textura polifônica constitui na simultaneidade de linhas melódicas. Ainda que uma das melodias tenha maior destaque, se há duas ou mais melodias independentes e com sentido musical, temos polifonia. Ouça no vídeo abaixo, um choro, como há uma melodia no agudo e outra no grave, tocada pelo violão 7 cordas.



Há alguns casos em que é difícil perceber que há uma textura polifônica. J. S. Bach, em especial, é considerado o compositor que mais dominou a polifonia especialmente por criar polifonia mesmo com um só instrumento. No primeiro vídeo abaixo ouvimos o Kyrie da sua Missa em Si menor. A partir da entrada dos tenores (cerca de 2'30"), cada voz canta uma melodia que, por conter vários saltos, dá a impressão de ser, na verdade duas melodias simultâneas.





Tal recurso foi particularmente útil ao escrever para instrumentos sem acompanhamento, como ouvimos no Prelúdio da Suite 6 para violoncello.



Alguns compositores também nublaram a diferença entre polifonia e homofonia. Nessa canção (lied) de Schubert, O Rei dos Elfos (Der Erlkönig), ouvimos um exemplo. O piano cria uma ambientação para a melodia. A letra fala de um pai que corre para levar o filho para ser tratado, enquando o filho fala que vê o rei dos Elfos para levar sua alma para longe dos vivos. A mão esquerda do piano pontua melodias eventualmente, a mão direita faz incessantes acordes repetidos. Esses acordes criam uma outra textura, que faz alusão ao galope do cavalo, e em si ela se torna uma outra linha, portanto, constituindo polifonia.



Outro caso de polifonia difícil de perceber ocorre quando uma melodia está em muito destaque em relação às demais, como nesse estudo em si menor, de Fernando Sor (1778-1839), tocado por Julian Bream.






domingo, 18 de janeiro de 2009

Sacanear brasileiro virou moda

Amigo internauta,

Depois do chato incidente com o Guinga na Espanha relatado anteriormente, uma notícia na imprensa me deixou estarrecido.

A Bolívia, um dos países mais pobres da América do Sul e dependente dos seus vizinhos, agora também se sentiu no direito de humilhar brasileiros em seu país.

Estudantes universitários brasileiros, para renovar seu visto, têm de incluir resultados de testes de HIV, uma decisão preconceituosa sem precedentes. Aparentemente, somente brasileiros têm de apresentar o exame.

Outros relatos de abuso de poder das autoridades bolivianas são relatados por quem esteve por lá.

O que esse pessoal do Itamaraty anda fazendo?

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Guinga agredido na Espanha

Amigo internauta,

Fiquei muito chateado ao saber do que aconteceu com Guinga, um dos maiores compositores e violonistas brasileiros da atualidade.

No aeroporto de Barajas (Madrid), numa conexão para voltar ao Brasil, ele teve seu casaco com documentos furtados na esteira do raio-x. A polícia se recusou a dar assistência a ele. A única coisa que lhe ofereceram foi um murro na cara que o fez perder dois dentes.

Ora, como algo pode sumir debaixo do nariz de policiais? Será que um deles foi o responsável pelo furto do casaco com documentos e dinheiro?

Três dias depois Guinga encontrou o casaco numa lixeira do aeroporto, e só então pôde voltar pra casa. Imagine-se tanto tempo num aeroporto acolhedor como esse...

Segue link para vídeo em que o próprio Guinga fala do acontecido: http://terratv.terra.com.br/templates/channelContents.aspx?channel=2481&contentid=220358

Essa situação tão absurda só pode ter acontecido porque coisas similares devem ser rotineiras, e só estamos sabendo desse caso por ter envolvido uma pessoa conhecida.

Espanha, que país é esse?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Lembrando a 2a Guerra Mundial

Amigo internauta,

Todos sabemos dos horrores da 2a Guerra Mundial. Provavelmente o país que mais sofreu com a invasão nazista foi a Polônia. Auschwitz fica na Polônia, e nesse país se deu a maior parte dos massacres que até hoje envergonha a humanidade.

Arnold Schoenberg, um compositor austríaco, escreveu uma composição que retrata um pouco do sofrimento daquele tempo, chamada Um Sobrevivente de Varsóvia. Ele a escreveu a partir de uma estória que ouviu de uma dançarina russa em 1947, e ele ficou muito tocado pois ela mostrava como vários de seus amigos devem ter morrido.



A letra original segue abaixo:

I cannot remember everything. I must have been unconscious most of the time.

I remember only the grandiose moment when they all started to sing, as if prearranged, the old prayer they had neglected for so many years - the forgotten creed!

But I have no recollection how I got underground to live in the sewers of Warsaw for so long a time.

The day began as usual: Reveille when it still was dark. "Get out!" Whether you slept or whether worries kept you awake the whole night. You had been separated from your children, from your wife, from your parents. You don't know what happened to them... How could you sleep?

The trumpets again - "Get out! The sergeant will be furious!" They came out; some very slowly, the old ones, the sick ones; some with nervous agility. They fear the sergeant. They hurry as much as they can. In vain! Much too much noise, much too much commotion! And not fast enough! The Feldwebel shouts: "Achtung! Stilljestanden! Na wird's mal! Oder soll ich mit dem Jewehrkolben nachhelfen? Na jut; wenn ihrs durchaus haben wollt!"

The sergeant and his subordinates hit (everyone): young or old, (strong or sick), quiet, guilty or innocent ...

It was painful to hear them groaning and moaning.

I heard it though I had been hit very hard, so hard that I could not help falling down. We all on the (ground) who could not stand up were (then) beaten over the head...

I must have been unconscious. The next thing I heard was a soldier saying: "They are all dead!" Whereupon the sergeant ordered to do away with us.

There I lay aside half conscious. I had become very still - fear and pain. Then I heard the sergeant shouting: „Abzählen!“

They start slowly and irregularly: one, two, three, four - "Achtung!" The sergeant shouted again, "Rascher! Nochmals von vorn anfange! In einer Minute will ich wissen, wieviele ich zur Gaskammer abliefere! Abzählen!“

They began again, first slowly: one, two, three, four, became faster and faster, so fast that it finally sounded like a stampede of wild horses, and (all) of a sudden, in the middle of it, they began singing the Shema Yisroel.

Uma tradução livre:

Não me lembro de tudo. Devo ter ficado a maior parte do tempo inconsciente.

Lembro-me apenas o grandioso momento em que todos começaram a cantar, como se combinado, a velha oração que tinham ignorado durante tantos anos - o esquecido credo!

Mas eu não tenho lembrança de como fui no subsolo e vivi nos esgotos de Varsóvia por um tempo tão longo.

O dia começou como de costume: Reveille quando ainda estava escuro. "Sai daqui!" Se você dormiu ou se a preocupação o mantinha acordado a noite toda. Você foi separado de seus filhos, de sua esposa, de seus pais. Você não sabe o que aconteceu com eles ... Como você pode dormir?

As trombetas de novo - "Saia! O sargento vai ficar furioso!" Eles saíram; muito lentamente, os antigos, os doentes; alguns com agilidade nervosa. Eles temem o sargento. Eles se apressam, tanto quanto podem. Em vão! Muito muito barulho, muita muita comoção! E não é rápido o suficiente! O Feldwebel grita: "Atenção! Fiquem quietos! Na wird's mal! Oder soll ich mit dem Jewehrkolben nachhelfen? Na jut; wenn ihrs durchaus haben wollt!"

O sargento e seus subordinados batem em todos: jovem ou velho, forte ou doente, culpado ou inocente, com calma...

Foi doloroso ouvi-los resmungando e gemendo.

Eu ouvi que tinha sido atingido muito forte, tão forte que eu não pude deixar de cair. Estamos todos no (solo), quem não podia levantar-se era (então) espancado na cabeça...

Devo ter ficado inconsciente. A próxima coisa que ouvi foi um soldado dizendo: "Eles estão todos mortos!" Então o sargento ordenou para se livrar da gente.

Lá eu estava semi-consciente. Eu fiquei muito quieto - medo e dor. Então eu ouvi o sargento gritando: "Abzählen!"

Eles começam devagar e irregularmente: um, dois, três, quatro - "Achtung!" O sargento gritou novamente, "Rascher! Nochmals von vorn anfange! Em ich einer Minute will ich wiessen, wieviele ich zur Gaskammer abliefere! Abzählen!"

Eles começaram novamente, primeiro lentamente: um, dois, três, quatro, tornou-se mais rápido e mais rápido, tão rápido que ele finalmente soou como uma debandada de cavalos selvagens, e (todos), de repente, no meio dele, eles começaram a cantar o Shema Yisroel.

Outra composição emblemática é a Threnody for the Victms of Hiroshima. Composta em 1960 por Krzysztof Penderecki (1933-), o compositor quis explorar efeitos de composição numa obra e, ao ouvir o resultado, pensou que ela retrataria bem o sofrimento das vítimas de Hiroshima.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Elementos de uma composição musical

Amigo internauta,

Continuando nossa conversa sobre música, vamos falar brevemente de elementos que constituem uma composição musical.

O mais conhecido deles é a melodia. Uma possível definição de melodia seria "sucessão de alturas com um sentido completo". Difícil definir, fácil de entender. A melodia normalmente é o aspecto mais sedutor de uma composição, que mais cativa o ouvido. O mais importante a ser compreendido é que a melodia ocorre na linha do tempo, ou seja, só é possível ouvir uma melodia com a passagem do tempo.

É possível haver músicas sem melodia. Ao contrário do que muitos podem pensar a princípio, dá pra escrever composições bacanas assim. Abaixo segue um exemplo, Lun-Duos, de Paulo Bellinati (1950-).



Por outro lado, também é possível escrever música com mais de uma melodia ao mesmo tempo. Seguem dois exemplos abaixo, a Invenção no 1 em Dó maior, de Johann Sebastian Bach (1685-1750) e And the Glory of the Lord, de Georg Friedrich Haendel (1685-1759).





Note que nesse segundo vídeo tem um elemento interessante: dentre as melodias que o coro canta, soa uma primeira (and the glory, the glory of the lord...), logo após uma segunda (for the mouth of the lord...) e, por volta de 1:45 as duas são cantadas simultaneamente.

A partir do século XIX os compositores começaram a explorar aspectos da melodia que, no século XX desencadearam em melodias incomuns. Nas Seis Pequenas Peças para Piano, op. 19, de Arnold Schoenberg (1874-1951), podemos ouvir melodias com um contorno amplo, que vão do grave para o agudo rapidamente, repletas de contraste. Ouvimos aqui um instrumento tocar melodias que a voz humana é incapaz de cantar.



Edgar Varèse (1883 - 1965) contribuiu bastante para enriquecer a visão da melodia, por meio da Klangfarbenmelodie (melodia de timbres). Ao invés de escrever uma melodia a partir de sons regulares (as notas musicais), ele procurou criar um contorno melódico a partir de sons irregulares (ruídos). Sua obra Ionisation é um ótimo exemplo.



No século XX também presenciamos um desenvolvimento das habilidades da voz que poderiam ser usados para ampliar o sentido de melodia não só para sucessão de notas ou só ruídos, mas uma combinação de nota com ruído, de vocalização com texto, enfim, um novo universo foi aberto. Segue como exemplo Sequenza III, de Luciano Berio (1925-2003).



Um uso menos "radical" dos mesmos recursos ouvimos nesse arranjo de Badi Assad para Ai que Saudade D'ocê (Vital Farias) e Asa Branca (Luís Gonzaga e Humberto Teixeira), em que ela faz efeitos percussivos e vocaliza simultaneamente.



Em outras postagens vamos falar de outros elementos da música.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Vai uma boquinha aí?

Amigo internauta,

Estamos a menos de dez dias de Barack Obama assumir a presidência dos Estados Unidos da América. Como nós brasileiros infelizmente estamos acostumados a ver, o mandatário que sai do poder está a arrumar cargos burocráticos para seus subordinados fieis.

Um deles é a Condoleezza Rice. De Secretária de Estado, passa a ser curadora do Kennedy Center for the Performing Arts, um dos principais centros culturais dos EUA. Segundo o Blog do Sérgio D'Ávila, o cargo tem duração até 2014.

Ao menos Condoleezza tem uma ideia do ofício. Em http://www.youtube.com/watch?v=nCbl4RQ7WNc podemos ver e ouvir um pouco das suas habilidades ao piano.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Guerra?

Amigo internauta,

Nas últimas duas semanas o mundo tem sido informado sobre o "conflito" na Palestina. Imagens, notícias e fatos nos mostram o fracasso da razão humana.

Chamar o que está passando de guerra é um atentado à inteligência humana. Estamos observando passivamente um massacre.

Como as mesmas pessoas que condenam o que foi feito com os judeus no nazismo são tão passivas ao ver um holocausto igual acontecer debaixo de seus próprios narizes?

Quem está certo, quem está errado, quem começou, o que fazer, esse tipo de discussão só pode ser feita quando ninguém esta morrendo, passando fome ou sem remédios básicos.

Pro momento, só podemos clamar pela preservação da vida humana. De qualquer ser humano.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Gosto x qualidade

Amigo internauta,

Na última mensagem sobre música, falei da importância de avaliar o fenômeno musical não só do ponto-de-vista da obra, mas também do usuário. Consideramos não só o valor intrínseco de uma composição, mas também a função que ela exerce. Avaliar apenas uma dessas coisas pode criar uma forma distorcida de ver o papel que a música exerce na sociedade.

Outra origem de várias distorções na compreensão da música é considerar avaliações individuais como um fenômeno coletivo. A mais frequente delas é achar que há uma relação direta entre gosto e qualidade. Quantas vezes não ouvimos, ou mesmo já dissemos, que algo que não gostamos nem ao menos merecia ser chamado de música? Ou que a música preferida de alguém é a melhor composição de todos os tempos?

O gosto é algo individual e subjetivo. As pessoas acham uma música agradável ou desagradável pelos mais variados motivos, muitos deles sem qualquer explicação racional. Gosto é uma questão de identificação pessoal, é como um tipo de ressonância. Você aprecia canções que despertam em você alguma coisa que já está lá, e essas coisas são o resultado de toda uma experiência de vida particular, tão rara de encontrar outra igual quanto uma impressão digital.

Já qualidade está relacionada à qualidade intrínseca do texto musical. Por exemplo, sua forma, como as melodias são manipuladas, qual a construção harmônica, como os elementos musicais estão combinados naquela composição, qual o poema de uma canção, etc.

Teve um tempo, muito atrás, em que gostar de uma composição de qualidade questionável era repreensível em vários grupos sociais, e daí surgiu esse comportamento de auto-proteção em que as pessoas passavam a afirmar que era de alta qualidade tudo o que gostavam, sem avaliar por um só segundo como era o texto musical.

Hoje as coisas são diferentes. Encontramos aos montes pessoas irreverentes que consideram "cult" canções pobres, e o que desperta o interesse nelas é exatamente a baixa qualidade musical dessas composições.

Não tenha vergonha dos seus gostos, amigo internauta. Seja feliz ouvindo tudo o que te interessa, qualquer que seja o motivo desse apreço. Mas, ao mesmo tempo, procure avaliar as músicas que você gosta apenas pela qualidade intrínseca delas em si mesmas, descartando sua função e a sua opinião. Mesmo quem não tem qualquer formação musical pode chegar a várias conclusões. Basta ter atenção e um bom ouvido.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

É permitido chorar

Amigo internauta,

Nesse fim-de-semana assisti ao filme "Marley & Eu". É uma boa opção de entretenimento, especialmente para quem gosta de cachorros. O final é emocionante, e no mínimo metade das pessoas saem da sala com os olhos cheios de água.

Fiquei chocado com a perversidade com que algumas pessoas caçoavam de quem chorou e, principalmente, com a sensação de humilhação que quem derramou lágrimas sentia.

É motivo de satisfação ver que o ser humano ainda consegue se emocionar, mesmo que por um filme hollywoodiano. E terrível saber que há pessoas que acham esse comportamento ridículo. Pior ainda, que quem extravasou sua emoção parecia concordar com esse grupo.

Que o ser humano ainda verta lágrimas e se alegre por todas as coisas da vida, inclusive da arte, por muitos séculos. No dia em que o Homo sapiens perder a capacidade de ser emocionar essa espécie não merece mais ser chamada de ser humano.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Música-obra e música-uso

Amigo internauta,

Na mensagem anterior sobre música, falamos um pouco sobre a forma numa composição musical, e sua importância para determinar uma composição expressiva. Vamos entender um pouco mais essas palavras.

Como a música é uma forma de comunicação humana que constitui uma linguagem, é bem útil fazer analogias com a linguagem verbal para entender melhor alguns de seus conceitos. Compare essas duas frases:

"Operários de todo o mundo, uni-vos"
"Companheiros, vamos, tipo assim, firmar uns com os outros"

A mensagem que as duas pretendem transmitir é a mesma, porém a expressividade delas não é igual.

No entanto, é provável que, em função da situação em que é se dá a comunicação, a frase mais expressiva seja a mais inadequada. Além disso, não podemos esquecer que não é só a expressividade de uma frase que nos marca, mas o conteúdo da mensagem em si. Temas que não te agradam continuarão sendo desagradáveis para você, amigo internauta, mesmo que sejam ditos da melhor e mais adequada forma possível. Na música as coisas funcionam de maneira similar.

Por isso não podemos perder de vista que não podemos olhar uma composição musical apenas pelo ponto-de-vista da obra, mas também do usuário.

Olhar a música apenas pelo ponto-de-vista da obra é crer que há composições que são patrimônio cultural e artístico da humanidade, e que devem ser preservadas como tal, assim como o Coliseu e a Mona Lisa.

Apesar de acreditar que a humanidade ficaria mais pobre se as sinfonias de Beethoven ou as canções de Tom Jobim caíssem no esquecimento, tenho dúvidas se é assim que o mundo da música funciona. Um caso em especial me intriga.



Benjamin Franklin (1706-1790) inventou um instrumento musical chamado de glasofone. O som que ele produz é de uma beleza peculiar, e recorda um órgão. O próprio Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) escreveu composições originais para esse instrumento. O vídeo acima é um exemplo.

Estamos diante de um instrumento criado por um dos mais célebres homens da história, a quem devemos o uso da eletricidade e que assinou a declaração de independência dos Estados Unidos da América; que tem no repertório boas músicas escritas por um dos mais famosos compositores de todos os tempos; e produz um som belo. É um bom exemplo de instrumento a ser preservado como patrimônio da humanidade mas, apesar de um pico de popularidade no século XVIII, hoje está quase extinto.

Quando olhamos pelo ponto-de-vista do usuário, partimos da idéia que as pessoas envolvidas fazem uso da música para o que lhes interessa. Seja um músico que busca dominar mais seu instrumento, seja um ouvinte que quer criar um bom fundo musical para uma situação, a função que a música exerce tem importância similar à sua própria essência.

Dessa forma, uma canção de altíssima qualidade musical, mas inadequada para uma ocasião, dá vez à outra que, mesmo pessimamente escrita, consegue atender bem àquela necessidade do usuário.

Portanto, é preciso reconhecer que há uma distintação entre a essência de uma composição (sua qualidade) e o uso que se faz dela (sua função). Imaginar que há uma relação direta entre esses elementos pode levar a mal-entendidos, entre eles o mais comum é pensar que uma composição muito adequada para um uso seja necessariamente de alta qualidade, apenas porque ela atende bem a uma situação específica.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Concerto de Copacabana para violão e orquestra, de Radamés Gnatalli

Amigo internauta,

Tive a oportunidade de tocar o Concerto de Copacabana, de Radamés Gnatali, com a Orquestra de Câmara Vale do Paraíba, no dia 21/12/2008. Foi uma interpretação que superou as expectativas, e gostaria de compartilhar com vocês o vídeo dessa apresentação, dividida em três partes.


primeiro movimento

Radamés Gnatalli (1906 - 1988) nasceu no Rio Grande do Sul, filho de imigrantes italianos. Seu pai era um apaixonado pela ópera, e batizou todos seus filhos com nomes do mundo operístico. Radamés é um dos personagens de Aída, de Giuseppe Verdi.

Durante sua educação musical, Radamés tocava tanto em formações eruditas quanto populares. Jovem, mudou-se para o Rio de Janeiro com ambições de se consagrar como pianista. Encontrou trabalho nas rádios cariocas fazendo arranjos, e a partir daí seu caminho foi trilhado na composição. Tem uma produção vasta, que inclui obras de concerto, composições populares e vários arranjos.

Dentre suas peças populares, talvez tenha maior destaque a Suíte Retratos e o choro Remexendo. Alguns de seus arranjos são tão consagrados que hoje fazem parte da música original. É praticamente impossível ouvir alguém tocar Aquarela do Brasil sem seguir nota-a-nota o arranjo de Radamés, desde a introdução. Sua produção erudita era chamada pelo próprio de "neoclássica nacionalista", por utilizar formas consagradas, sem ambições vanguardistas, e forte influência da música urbana brasileira, em especial do choro e do jazz.



segundo movimento

O Concerto de Copacabana é o terceiro dos quatro concertos para violão solo desse compositor, cuja produção também inclui um concerto para dois violões e orquestra, um para violão, oboé e orquestra, e um para violão elétrico, piano e orquestra. Poucos compositores em todo o mundo tiveram uma produção tão numerosa para esse tipo de formação.

Apesar de, hoje, o nome da composição nos remeter à Bossa Nova, Radamés Gnatalli remete mais ao Rio de Janeiro do choro nos morros cantados em versos como lugares idílicos e da música orquestral nos cassinos sofisticados da alta sociedade carioca.

O primeiro movimento está construído em um tema rápido e um lento. O tema rápido lembra baixarias do choro e o lento as melodias das orquestras nos cassinos. O segundo movimento inicia com melancolia, mas logo dá vez a uma valsa alegre e festiva. O terceiro é alegre e vivo, e também utiliza elementos presentes no choro.

Ao longo de toda a composição, o ouvinte notará que a flauta ocupa um papel muito importante, e a composição é quase um concerto para violão, flauta e orquestra.


terceiro movimento

A Orquestra de Câmara Vale do Paraíba é um grupo regido pelo maestro Rogério Santos, com sede em São José dos Campos (SP). Ela faz parte de um projeto social chamado Oficina de Cordas, que busca difundir a música erudita para a população em geral, inclusive crianças em situação de risco social. São os alunos mais avançados desse projeto, bem como os professores, que formam essa orquestra. É um trabalho muito bonito e que merece elogios. Para saber mais, visite o http://www.sofij.org.br/ .

Foi um prazer tocar esse concerto, com esse grupo. Estudo essa obra há mais de dois anos, e como infelizmente há poucas oportunidades para um violonista tocar com orquestra (e, quando há, quase sempre toca-se apenas o Concierto de Aranjuez ou o Concerto do Villa-Lobos), já estava desiludido que alguma vez teria a chance de compartilhar com as pessoas uma composição tão bonita. Felizmente o Rogério Santos topou o desafio, trabalhamos em condições muito desfavoráveis, e ainda assim a força da obra de Gnatalli resultou numa interpretação muito bacana.

Quero agradecer muito a todos os que tornaram possível essa apresentação, em especial ao maestro Rogério Santos, à Sofij, à Petrobrás e à UNIVAP.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Parabéns, Folha de São Paulo!

Amigo internauta,

A Folha On-line publicou em 31/12/08 uma matéria dos repórters Evandro Spinelli e Conrado Corsalette que confere quais promessas de campanha da última gestão na Prefeitura de São Paulo foram cumpridas. O texto pode ser lido em http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u484699.shtml .

Esse é o tipo de reportagem sobre política que deveria ser publicado com mais frequência. Ela traz uma análise clara, imparcial e direta da administração pública, olhando coisas que realmente afetam o cidadão.

Há bastante tempo os jornais publicam apenas "curiosidades dos bastidores do poder". Por isso, não consigo enxergar mais qualquer diferença entre a coluna social e o caderno de política. Sinto falta de informação útil e que influencia minha vida diretamente.

Uma matéria fantástica como a que Spinelli e Corsalette escreveram é uma gota de esperança. Espero que a Folha de São Paulo continue publicando notícias assim.

Vai um planejamento aí?

Amigo internauta,

Hoje é o primeiro dia útil do ano – não pra todo mundo, é verdade. Mas mesmo para aqueles que só voltam ao trabalho na segunda, é hoje que começam a ser postas à prova as resoluções de ano-novo de todos.

Muita gente crê que basta persistência e determinação para conseguir atingir seus objetivos. Sem dúvida, sem essas qualidades é muito mais difícil conquistar tudo que exige esforço, mas só isso não é suficiente. Acredito que é no mínimo igualmente importante fazer um bom planejamento. Muitas vezes temos a gana de fazer tudo o que é necessário, mas não sabemos o quê, como e quando fazer o que é preciso pra alcançar uma meta. Um planejamento vai dizer essas coisas.

Antes de tudo, um bom planejamento é feito por escrito. Mesmo que tudo o que foi anotado seja descartado, com a escrita é mais fácil organizar os pensamentos. Quem apenas pensa seu planejamento e não o escreve com freqüência precisa interromper o fluxo do pensamento e, logo em seguida gasta muito tempo recapitulando o que foi pensado. Nossa memória também não consegue registrar tudo o que pensamos. Além disso, como nossa cabeça funciona muito de forma visual, ver a palavra escrita no papel fixa melhor todas as idéias ali presentes.

Munido de papel e caneta, vamos começar nosso planejamento. Recomendo começar visando três datas diferentes. Para quem quer planejar apenas o ano de 2009, talvez seja bom usando como marcos o mês de abril (04), o mês de agosto (08) e o mês de dezembro (12). Quem tem em mente um horizonte mais distante, pode escolher datas que o contemple, por exemplo, para 2009, para 2014 e para 2019.

Vamos começar escrevendo seus objetivos. Um objetivo é um sonho, aquele ideal que primeiro vêm à nossa cabeça. Por exemplo, "ganhar bem". Escreva seus objetivos logo abaixo de cada uma das três datas que você escolheu. Não se censure. Anote inclusive aqueles desejos que você considera irrealizáveis, como comprar a casa dos seus sonhos. Procure encontrar um equilíbrio entre ser realista e alimentar seu sonho. Por exemplo, se para esse ano seria muito difícil adquirir aquela mansão com piscina, por que não incluí-lo como um objetivo para 2019?

Em seguida, vamos refinar cada objetivo e transformá-lo numa meta. Uma meta é um objetivo quantificável. Ela deve vir sempre acompanhada de números, datas, e detalhamentos que permitam auferir se aquilo foi atingido. Por exemplo, "ganhar bem" é difícil de ser conferido se está sendo alcançado. Já "aumentar meu salário em 20%" é algo que facilmente podemos percebemos se está sendo conquistado, se foi ultrapassado, ou quanto faltou para chegar lá.

Se você, amigo internauta, faz um planejamento desse tipo pela primeira vez, a próxima etapa vai exigir um esforço bem maior que as demais, mas certamente o sacrifício será recompensado. Agora é hora de anotar as estratégias. Para cada meta, determine o que você pode fazer para alcançá-la. Por exemplo, uma estratégia para "aumentar meu salário em 20%" pode ser aceitar um desafio profissional que levará a essa recompensa, buscar uma promoção, realizar cursos de qualificação que o valorize, ou ocupar o mesmo cargo em outra empresa. Procure o máximo de informação à sua volta para saber o que é preciso fazer para alcançar aquela meta. Converse com pessoas que já atingiram metas similares.

Passada essa etapa, vamos nos concentrar na rede de contatos. No nosso dia-a-dia sempre ouvimos que "o governo" decidiu, que "o povo" se manifestou, que "o mercado" analisou, que "a indústria" contratou, enfim, temos sempre a impressão que organizações impessoais determinam a realidade à nossa volta. Só que em todas essas entidades, são pessoas que fazem as coisas. Ter contato com essas pessoas é a chave para ser dono do próprio destino. Confira as suas estratégias e verifique quem pode influenciar na realização de cada uma dessas tarefas. Anote cada nome. Conheça essas pessoas. Converse com elas. Mantenha uma relação positiva com cada uma.

Por fim, vamos nos voltar para outra qualidade tão importante quanto determinação e persistência, e que por vezes se confunde com elas: foco. É preciso ter sempre em vista sua meta. Diversas metas exigem tempo, e é muito fácil se desmotivar nesse período em que grandes resultados ainda não aparecem. Um cronograma ajuda a manter o foco nesses tipos de tarefas. Por exemplo, se você está seguro que vai atingir o sonhado aumento de salário ao fazer um curso no exterior, faça um cronograma que contemple tudo o que é necessário para realizá-lo. Dessa forma, durante uma atividade exaustiva, como autenticar traduções de documentos, você estará cumprindo uma das etapas do seu cronograma que o deixam cada vez mais próximo da sua meta. Dessa forma, o desejo de atingi-la será renovado e intensificado.

Essas palavras são apenas recomendações gerais, e diversos casos vão exigir peculiaridades. Ainda assim acredito que elas constituem um bom começo para você realizar todos os seus sonhos, nesse e nos anos vindouros.