domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sobre a importância de estudar música com um professor

Amigo internauta,

Tenho recebido nas últimas semanas diversas mensagens com praticamente a mesma mensagem: "gostaria de tocar como você, mas não quero ter uma professor".

Acho que ainda não está claro pra geração "download tudo de graça" a importância de ter um professor, e quero falar um pouco a respeito disso.

Tocar um instrumento é uma habilidade, não é mero acúmulo de informação. Não é como ler um livro sobre um tema, e após absorver informação, você está pronto. Tocar um instrumento, ou cantar, é uma habilidade, que requer mais que informação, como controle fino dos movimentos, consciência corporal, equilíbrio mental e emocional, entre outros.

Como qualquer habilidade, a mera transmissão de informação não é suficiente para garantir que essa habilidade está sendo bem assimilada. É preciso o acompanhamento de alguém para ter certeza que o desenvolvimento está sendo correto.

Fazendo uma pequena analogia: acho que você, amigo internauta, já deve conhecer a Supernanny. É um programa de TV em que a "apresentadora" mostra técnicas e dá dicas a pais com famílias problemáticas a como criar melhor seus filhos. Para quem não conhece, segue um pequeno trecho abaixo.



A estrutura do programa é basicamente a mesma: a babá visita a família, enxerga os problemas, oferece técnicas, fica alguns dias fora da casa, e na volta vê filmagens feitas nesse período. É incrível como em todos, T - O - D - O - S, os programas as famílias aplicam muito mal diversas das técnicas mais importantes, embora algum progresso em outras áreas são verificáveis.

O mais interessante a observar é que esse é um programa conhecido, acessível, e toda família que participa do programa certamente já viu ao menos uma edição anterior. Várias das técnicas que ela passa estão presentes em todos os programas, e são justamente essas as que as famílias apresentam mais falhas em assimilar.

Imagine um aluno de violão que é apresentado a formas de resolver seus problemas que ele nunca conheceu antes. Será que ele será parte dos 0,000001% que só com a assimilação de informação vai adquirir a habilidade? É possível, mas esses casos tão excepcionais brilham tão intensamente que acho pouco provável que qualquer pessoa com mais de 12 anos faça parte desse grupo e não tenha sido percebida.

Assim como se a Supernanny só passasse as informações e saísse a situação mudaria pouco, um aluno que só recebe a informação e não têm um acompanhamento evolui muito pouco, a passos de tartaruga.

Creio que a maioria dos que não querem um professor não o fazem por limitações econômicas, mas pelo comodismo que a geração "download grátis" está acostumada. Ainda assim, há diversas boas opções de aprender música de graça, ou a baixo custo.

Faça uma experiência: procure um bom professor, com curso superior em música (embora diploma não seja garantia de boas aulas, podemos dizer hoje que a falta de diploma é quase certeza de más aulas), e faça um mês de aulas.

Aposto que nessas quatro semanas, se você tiver comprometimento, terá evoluído o mesmo que melhoraria em quatro meses. É um investimento que vale mais a pena que o gasto de imprimir o que se acha na internet (na maioria, material com falhas).

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Estréia do Auto do Pesadelo de Dom Bosco

Amigo internauta,

A estréia do Auto do Pesadelo de Dom Bosco, Ópera de Rua em um Ato de Jorge Antunes, foi uma grande diversão. No enredo da obra, temos um julgamento de suseranos e vassalos, personagens inspirados no mensalão do DEM, como Xaró Parruda, Paul Batávio, Leobardo Pró-Dente, Embromelli, entre outros.

O público que compareceu ao Conic foi bem diversificado e maior que imaginei. Todos participaram muito bem, cantando os coros e vaiando os acusados à medida que apresentavam suas desculpas esfarrapadas.

Pra mim foi uma experiência gratificante participar da montagem de uma ópera, e ao longo da apresentação me senti muito feliz em ter a oportunidade de participar de algo tão bacana. Acompanhar os coros e os balés, a partir da "orquestra panetônica" é poder apreciar o espetáculo de um dos melhores assentos disponíveis.

O Auto do Pesadelo de Dom Bosco terá ainda mais duas apresentações, sendo que a próxima será no dia 12 de março. Divulgarei-a em http://www.alvarohenrique.com/agenda.html


Veja mais fotos como esta em AGENDA PÚBLICA: Brasilia 50 anos

Elenco completo:

Meirinho – JORGE ANTUNES, regente
Juiz Voxprópolis – MARCOS GEVANO ZELAYA, barítono
Burgomestre Leo Bardo Pro-Dente – YONARÉ BARROS, tenor
Monarca Xaró Parruda – THIAGO ROCHA, barítono
Suserano Paul Batávio - MARCOS SFREDO, tenor
Vassalo Borval da Bóza, HUGO LEMOS, barítono-baixo
Ioarrín Kouriz, Rei do Gado, Senhor da Bezerra d'Ouro - TIMM MARTINS, barítono
Bruxa Ouvides Grito – KARINA MARTINS, mezzo-soprano
Reverendo Benedictus Dormindo - THIAGO ROCHA, barítono
Príncipe Augustus Baralho – RAPHAEL FREITAS, tenor
Vassalo Rogê Rolíces - REULER FERREIRA, tenor
Gran Vizir Ben no Início Tavares - EDUARDO CARVALHO, barítono
Truão Pônei Nêmer – EMMANUEL MOREIRA, tenor
Vassalo O Vilão Aires – MARCOS SFREDO, tenor
Reverendo Júnior Embromélli – TIMM MARTINS, barítono

ORQUESTRA
Flauta e flautim – Sidnei Maia
Clarinete – Felix Alonso
Clarone – Fernando Henrique Machado
Violinos – Marcus Lisbôa Antunes e Renata Tavares Linhares
Violões – Álvaro Henrique e Luiz Duarte
Tiorba – Diogo Queiroz
Teclado – Rênio Quintas
Baixo elétrico – Roberto Pimentel (Bob Py)
Percussão – Carlos Augusto (Carlitos) e Éveri Sirac

GRUPO DE DANÇA
“LE ROI DANSE”
Coreografia - Maria do Carmo Poggi Merino (diretora do ballet Ettude Seasons)
Bailarinos - Daniela Aguiar, Paula Abreu, Karla Bortoni, Thomas Cortes, Miguel Vieira, Yuri Briedes

CORO DO POVO
Ada-Karin Salomão, Alan Viggiano, Caroline Chahini, Celso Alcântara Alcântara, Christiane Dantas, Claudia Bugarin, Cleiniva, Daniela Fioravanti, Desine Alves, Dolores Pierson, Edna Sueli Zschaber Mavgnier de Castro, Eliane Ribeiro Alexandre, Elisabete de Almeida, Elizabeth Azeredo, Ioleth Porto, Jane-Maria Araujo, João Mendonça de Amorim Filho, Karina Cury, Luana Benício Elizabeth Paes Jardim, Luiz Ribeiro, Marcia Regina Santos, Maria Arnete, Maria Coeli de Almeida Vasconcellos, Mariléia Costa Mauro, Norita Portilho, Nena Medeiros, Niamara Nascimento, Paulo Cesar Farias Ferreira, Sonia Palhares Marinho, Sandra Michelli Gomes, Rejane Bezerrra, Rosana de Cássia Alves da Silva, Renata Borges, Thais Silva Cordeiro, Valéria Almeida, Wilma Ramos.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Gravações do Duo Abreu e Sérgio Abre on-line

Amigo internauta,

O Duo Abreu foi um dos maiores duos de violão do século XX, e estão entre os melhores violonistas que o Brasil já teve. Infelizmente, suas gravações fantásticas não se encontram mais à venda. Para nossa alegria, no entanto, a internet nos possibilita ter acesso a esses registros.

Em http://www.4shared.com/dir/16109351/916ec390/Abreus.html é possível baixar 8 CDs do duo, além de gravações ao vivo de Sérgio Abreu, que formava o duo ao lado do irmão Eduardo Abreu, e hoje é luthier.

Outro CD pode ser baixado em http://www.megaupload.com/?d=8WNVZ07D.

Boa audição!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

I Festival e Concurso Latino Americano de Violão Maurício de Oliveira

A AcordES e o professor Moacyr Teixeira Neto organizam o "I Festival e Concurso Latino Americano de Violão Maurício de Oliveira", que irá acontecer de 21 a 24 de abril de 2010 na cidade de Vila Velha - ES. O concurso será de âmbito internacional.

Na programação do festival, masterclasses, palestras e recitais com Francisco Gil (México), Gilson Antunes, Humberto Amorim e Moacyr Teixeira Neto.

Mais informações e inclusive ficha de inscrição pode ser obtida no site:

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Auto do Pesadelo de Dom Bosco

Amigo internauta,

clique na imagem para ampliá-la

É com prazer que participo da montagem da ópera de rua Auto do Pesadelo de Dom Bosco, de Jorge Antunes. Mesclando elementos medievais e nordestinos, a ópera em um ato narra um julgamento de vassalos e suseranos empenhados em enganar o povo.

A estréia será nesse sábado, 20/02, às 16h, na Praça Vermelha do Conic, em Brasília. Entrada franca.

Mais em http://www.americasnet.com.br/antunes/opera-de-rua/

Espero vê-los lá!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Amigo internauta,

Reproduzo abaixo matéria da Folha de São Paulo deste domingo falando da Campanha Ficha Limpa. A Campanha Ficha Limpa mobilizou um milhão e meio de assinaturas com o objetivo de proibir pessoas condenadas por qualquer crime a serem candidatos a qualquer cargo eletivo.

Para mais informações sobre a Campanha Ficha Limpa, visite o site do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral: http://mcce.org.br




Proposta contra ficha suja ganha fôlego

Com crise no DF, Casa vê chance de aprovar projeto que impede candidatura de quem responde a ação

MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O desgaste extremo da classe política, exposto em minúcias com a prisão preventiva do governador afastado José Roberto Arruda (sem partido), pode viabilizar a votação do projeto de lei de iniciativa popular (PLP 518/09) que impede a candidatura de quem responde a processos judiciais.

Fruto de uma rara articulação social que reuniu 1,5 milhão de assinaturas, o projeto apelidado de "ficha limpa" está sob análise de um grupo de trabalho na Câmara. A expectativa é que até o dia 17 de março esse grupo apresente um "substitutivo", ou seja, uma nova proposta negociada entre as entidades que pressionam por sua aprovação e os parlamentares.
Há chance de aprovação, mas já estão em curso na Câmara negociações para alterar o texto. A nova proposta deverá determinar como inelegível quem tiver contra si alguma decisão judicial colegiada de segunda instância. E, para não minar pretensões eleitorais imediatas, a vigência seria em 2012.

O texto original da proposta prevê que não podem ser candidatos os que "forem condenados em primeira ou única instância ou tiverem contra si denúncia recebida por órgão judicial colegiado". Rigorosa, a proposta aumenta o período de inelegibilidade em praticamente todos os casos (hoje previstos na Lei de Inelegibilidades, de 1990) para oito anos.

Ainda que pareça improvável a votação do projeto em ano eleitoral, há um certo clima de otimismo por questões conjunturais. Em primeiro lugar, o próprio presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), sente-se pressionado a colocar o projeto em votação. Indicado do PMDB para ocupar a vaga de vice na chapa da pré-candidata petista Dilma Rousseff, Temer quer expor algum legado popular de sua gestão na Casa.

Por outro lado, a corrupção é tema incômodo ao DEM, que abrigou Arruda há até pouco tempo, e ao PT, que teve dirigentes envolvidos no escândalo do mensalão, em 2005.

O deputado Índio da Costa (DEM-RJ), que será relator da proposta negociada, diz: "Para o DEM, só os ficha limpa podem ser candidatos". Segundo ele, a aprovação "parece mais factível" se a restrição for para condenados em segunda instância. "Quando há uma pessoa pedindo, o Congresso tem de ouvir. Quando há 1,5 milhão, tem de fazer", disse.

"Não haverá consenso nisso, mas é possível pactuarmos uma maioria", disse o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).

"Evitar que pessoas com passado não recomendável não possam ser candidatos é uma velha discussão que agora parece madura, especialmente com o caso Arruda", afirmou Francisco Whitacker, do Comitê Nacional do Movimento de Combate à Corrupção, idealizador da proposta.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ter Mãe

É fácil a gente ter mãe
E quase toda gente tem
Mãe é uma coisa tão bela
Pena é que há pelo mundo
Os que só sabem que teve mãe
Porque ouviu falar dela

Muitos só a conhecem de nome
Às vezes mesmo nem isto
Mãe, para muitos é uma simples palavra
Como uma nuvem ao vento
Ou um simples vazio no pensamento

É fácil a gente ter mãe
Muitos nem percebem que tem
No dia-a-dia ao seu lado
Quando se tem a certeza
E se sabe aonde ela está
Para dividirmos com ela
Uma alegria ou uma tristeza
Que basta só querer vê-la
Assim é fácil ter mãe

Até o dia em que ela falta
Aí então é como se a terra
Que a gente pisa se acabasse
Debaixo dos nossos pés
Difícil sim é perdê-la
E ter que aceitar a ideia
De que no lugar de sempre
Ela não se encontra mais

Não adianta abrir a porta
Nem pensar na varanda
A cadeira está vazia
Na cama não tem ninguém
Aquela voz que conforta
Que nos dá tanta paz
É um bem que não tem preço
Para toda família o maior bem.

Esta voz não ouviremos mais
Calou-se!
É que ela agora mudou-se
Para um lugar sem endereço
Aonde Deus mora, no além.

É fácil a gente ter mãe
Mãe é como uma estrela
Estrela guia que a gente tem
E trás guardada dentro de si
Difícil é suportar perdê-la
Como uma estrela cadente
Que de repente se apaga.

Antônio Alves dos Santos
08/12/1982

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Orquestra de Violões busca interessados

Amigo internauta,

Estou montando uma orquestra de violões em São Paulo.

Os objetivos do grupo serão proporcionar a violonistas a oportunidade de conhecer repertório, trabalhar problemas musicais (controle de dinâmica, articulação, sincronia, etc.) com o mínimo de problemas técnicos possível, além de proporcionar a oportunidade de tocar em grupo e fazer amigos.

Os ensaios serão às quartas-feiras, das 16h às 17h, próximo ao SESC Pompéia. Pretendo iniciar trabalhando repertório barroco, em especial de J.S. Bach e G.F. Haendel.

Iniciantes são bem-vindos. Para participar da orquestra, será cobrada uma mensalidade de R$ 50.

Interessados favor contactar Alvaro Henrique no alvaroguitar@gmail.com ou no (11) 9294 6074

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

15.000 exibições

Amigo internauta,

Em pouco mais de dois meses, o vídeo Melodia - violão solo, teve mais de 15.000 exibições.

O vídeo é um pequeno concerto didático gravado em 2008 em que, além de tocar composições para violão solo, comento das músicas e dos compositores. Ele pode ser visto em http://vimeo.com/7803038, e foi planejado para divulgar a música erudita e o violão.

Agradeço a todos os amigos internautas que assistiram ao vídeo, em especial aos colegas blogueiros que o divulgaram, responsáveis por mais de 13.000 exibições.

Muito obrigado!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

No Dia Seguinte

No Dia Seguinte
Alvaro Henrique

Um quarto bagunçado:
Um pente com fios de cabelo dela,
Uma foto - eu e ela - no porta-retrato,
Livros e CDs e vídeos e partituras
E papéis e tudo-o-que-você-imaginar
Jogados por todo o quarto.

Um pijama e um vestido, foi o que ela deixou.
Um pijama e um vestido, foi o que restou.
Um pijama e um vestido, achei nessa zorra,
Meu souvenir do nosso amor.
Ah, merda! Ainda vou ter de lavar essa porra!

Porra, que luz tão forte!
Porra, esse vizinho só sabe ouvir música alta!
Porra, que cheiro de poluição!
Porra, que barulho! “- Ô seus merdas,
Seus piu-piu-pius chatos do caralho,
Vão cantarolar no ouvido da mãe!”
Porra, que céu brilhante que cega!
Porra, que céu azul bonito e alegre!
Como eu queria matar tudo o que é bonito e alegre!

O tempo
O tempo passa
O tempo passa bem
O tempo passa bem devagar,
Nem parece que é o mesmo tempo que passa quando estou com ela.
Não é.
Agora, conto os segundos.
Antes, perdia os minutos.
Meu desejo é só dormir
E esperar o dia de amanhã.
Só que chega o amanhã
E continuo querendo só dormir
Até chegar o dia de amanhã.
Não tenho vontade de fazer nada.
Meus queridos livros só me dão náusea,
Nem lembro mais como segurar uma caneta,
Meu violão já está com teia de aranha.
A TV não passa nada que presta.
Lá até vejo umas mulheres bonitas
Que só me lembram que a minha mulher
É muito mais bonita que todas elas.
O rádio só passa música horrível
Ou uns tin-tin-tins cantando o Rio de Janeiro.
Porra, o Rio é uma bosta!
É sujo, é traficante, é desigual,
É perigoso, é bala-perdida, é marginal!
Visionário foi JK. Já viu ele que tinha
Que sair logo daquela joça.
Olho de novo pro livro que estou lendo
(Na verdade é o livro da vez, pois lendo não estou)
Quando enxergo o violão ele parece suplicar:
“- Me toque, me toque, volte à sua bela canção tocar!
Por que não começa com um prelúdio de Bach?”
Mas meu morto coração implora: deixa pra lá!
Espere o amanhã, amanhã você a esquece,
Amanhã vai ser melhor.
Amanhã.
Ama.
Esquece o ama, se concentre em amanhã!
O glorioso amanhã.
O tempo
O tempo passa
O tempo passa bem
O tempo passa bem mais
O tempo passa bem mais devagar.

Penso em ligar para alguém.
Agenda.
Livros: prum lado, pro chão.
Agenda!
Letras, nomes, números, um problema:
Afinal, eu vou ligar pra quem?
Clarissa, Ludmilla, Joana,
Amanda, Bruna, Mariana?
Não.
Ligar pra quê?
Ligar e dizer o quê?
“- Alô, olha, eu estou deprê.”
Se liga, não existe isso, velhinho,
Você vai ter de aguentar isso sozinho.

Olho o calendário.
Só vou vê-la daqui a duas semanas.
Será que estarei vivo até lá?
Será que a escuridão vai me tragar?
Será que ao convite do álcool vou resistir?
Será que até lá vou rir?
Vou seguindo, dia a dia, trabalhando,
Escrevendo, lendo, tocando,
Sobrevivendo, como um zumbi.
Não como um zumbi, como amputado,
O que não é de se estranhar
Pois à metade fui cortado.
Mas vou vivendo, isso é certo.
Sigo como o poento caminheiro do deserto.