Amigo internauta,
Não é de hoje que a mídia tem usado de Brasília para expiar as culpas do país. Se um panaca no interior do Acre resolve fazer uma burrada, a culpa é de Brasília. Se o Maluf rouba, a culpa é de Brasília. Tráfico de drogas no Rio? Claro, Brasília.
Só que não cola mais. Felizmente o Brasil tem gente sensata o suficiente pra perceber que tal lógica é irracional, e os brasilienses - aqueles que aqui nasceram, não os que aqui vivem e mantém uma memória afetiva de um passado maravilhoso nas suas cidades de origem - estão tendo coragem de defender a sua cidade dos ataques mais covardes.
Hoje, aniversário de 50 anos de Brasília, é uma ocasião ímpar para as várias empresas de mídia vociferarem seus preconceitos e "análises" imbecis.
Fernando Rodrigues, notório difamador da cidade, foi o campeão do dia. Neste link é possível ler uma "notícia" com um título no mínimo absurdo: que Brasília não produz nem parafuso. A "notícia" usa como base dados do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, que publicou estudos sobre a capital às vésperas dos seus 50 anos.
Vejamos então tais estudos. O link para ler um resumo está aqui. Tudo em linguagem simples e clara, que qualquer pessoa educada como o Fernando Rodrigues é capaz de entender.
Atenção à página 10, quando o IPEA diz qual percentagem da população está ocupada em que atividade econômica. Segundo o estudo, em 2008 13,86% da população de Brasília trabalha na administração pública. Na indústria, são 11,5%. Se somarmos o setor de transporte e comunicação a essa cifra, o valor atinge 16,8%.
Ora, como uma cidade pode ocupar 11,5% da sua população na indústria sem produzir nada? Ou ter uma diferença de apenas 2,3% entre quem trabalha na indústria e quem trabalha na administração sem fazer nada?
É claro que isso é impossível. Mas isso não importa. Pra quem quer semear o ódio à capital federal, os fatos não tem importância.
No mesmo jornal em que Fernando Rodrigues trabalha, seu colega José Hamilton Ribeiro escreve que "o Brasil tinha, em 1958, 300 mil funcionários federais, 76,7% (ou 230 mil) numa única cidade, o Rio, e só 23,3% para o resto do país. Isso criava uma distorção que governo algum poderia corrigir, a não ser mudando a capital."
Brasília não concentra tal cifra de empregos públicos, ao contrário do que Fernando Rodrigues sugere. Mas, novamente, fatos não importam. Pra ofender, qualquer argumento vale, incluso mentiras.
Brasília é uma cidade que não é perfeita e não vive numa redoma isolada do Brasil. O jornal português "Público" escreveu a frase mais sensata sobre os problemas da capital: ela "abrasileirou-se". Todos os problemas que fazem parte do cotidiano de todos os brasileiros estão aqui presentes, fazendo de Brasília não só no aspecto cultural um Brasil em miniatura, mas também no econômico. Não é uma cidade perfeita, portanto críticas são inevitáveis e bem-vindas. Porém, ataques difamatórios e covardes como o do Fernando Rodrigues é algo que espero ver banido da mídia brasileira.
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