Amigo internauta,
Outro violão que conheci recentemente foi um do australiano Jeff Kemp. Com tampo de cedro e lateral e fundo de jacarandá, é construída baseado no projeto de seu conterrâneo Greg Smallmann. O tampo é extremamente fino, com uma treliça de madeira-balsa e fibra de carbono como leque harmônimo, muita massa na lateral e fundo e fundo arqueado, com o objetivo de fazer com que toda vibração sonora que passe do tampo para a lateral e o fundo seja "rebatida" para o tampo.
É um instrumento de timbre muito escuro, com notas sem tantas parciais agudas e predominância da nota-base. Tem um equilíbrio satisfatório, com leve predomínio dos extremos (grave e agudo soam mais que médios). Embora seja um som menos rico que de violões dos anos 1960, soa próximo o suficiente de um típico violão espanhol de cedro para um leigo ter dificuldade de reconhecer a diferença.
O violão tem um envelope sonoro peculiar. Ouve-se o ataque, em seguida uma espécie de "rebote" ou "eco" do ataque, uma sustentação contínua e curta, e uma queda demorada.
É um instrumento bem potente, provavelmente 8,5 numa escala de 0 a 10. Mas ele preenche muito o ambiente, soando como caixas de som com "surround system". Essa sensação de estar mergulhado por um som encorpado dá a impressão do violão ser mais potente que realmente é. O que o intérprete ouve reflete bem o que a platéia escuta.
Ele é mais fácil de tirar um bom som, porém na mão esquerda apresenta uma facilidade entre média e boa. Tem uma resposta linear, porém, como vários outros violões de cedro, a gama de timbres não é tão ampla.
O violão tem um bom acabamento, e usa goma-laca fosca no tampo.
Recomendo para quem gosta de violão escuro, potente, confiável e que exige pouco da mão direita. Repertório que se favorece das qualidades do instrumento: música espanhola; composições com melodias na região grave; peças com caráter sombrio; composições com harmonia rica e colorida, como as de Ponce.
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