Amigo internauta,
O governador Aécio Neves (PSDB-MG) recentemente deu uma entrevista à Folha Online com cerca de uma hora de duração. Ele fala do seu governo, do cenário político atual e, naturalmente das eleições 2010. Veja a entrevista nesse link.
O que mais me chamou a atenção no vídeo é um vaso ao fundo. Um vaso bonito, com uma planta vistosa, mas sob um piano de cauda, na residência oficial do governador de Minas Gerais.
Piano é um instrumento musical. Um objeto caro, que exige manutenção, e cujo mal-uso pode estragá-lo. Que uso seria pior para um instrumento musical que sustentar vasos de plantas?
Em certo momento da entrevista o governador fala entusiasmado de rodas de violas e sanfonas. Já pensou um vaso em cima de uma viola? Ou de uma sanfona?
Talvez você, amigo internauta, não entenda minha indignação. Afinal, é cena tão cotidiana ver pianos reduzidos a prateleiras, repletos de vasos e fotos. Alguns acham que é sinal de sofisticação. "Profissionais" do ramo recomendam abundatemente o uso decorativo de pianos - com fotos ou plantas, naturalmente, pois só o piano não basta.
É provável que esse seja o símbolo da preocupação cultural que temos hoje. Tal qual o piano, a cultura é apenas um objeto num canto, decorativo, cuja única função é exibir para familiares e amigos a sofisticação e o poder econômico. Um ícone de status.
O problema é que a idiotice humana fala mais alto e destrói, com vasos e fotos, inclusive o status que um piano traria.
Um piano sem foto, sem planta, e utilizado com alguma frequência - bastam 15 minutos por dia -, isso sim é um símbolo de status. Nem precisa ser pra tocar Chopin. Um tema de filme, uma canção da novela, até o "tema da vitória" associado ao Ayrton Senna serve. O piano se vira bem em qualquer repertório. Não há móvel que impressione mais os conhecidos que tocar um simples Minuetto de Bach.
Como seria bom ver os pianos livres dos cacarecos e bugingangas da vovó, das lembranças de viagem, dos elefantinhos e, principalmente, das plantas. E servirem ao único propósito que vieram ao mundo: fazer música!
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