Na mensagem anterior sobre música, falamos brevemente sobre a melodia. Vamos tratar de outro elemento da composição, a textura.
Como você deve ter notado, diversos termos usados na música tem origem extra-musical. Por exemplo, falamos quem um som é doce. Textura é um termo ligado ao tato, que indica se uma superfície é lisa, grossa, com um padrão, etc.
Na música, esse termo indica como estão entrançadas as linhas musicais, ou seja, como as partes dos instrumentos e vozes que tocam simultaneamente estão combinadas.
Há, basicamente, três tipo de textura: a monofônica, a homofônica e a polifônica.
Na textura monofônica, temos uma única melodia, sem qualquer tipo de acompanhamento com notas. Se uma composição monofônica utilizar mais de um instrumento ou cantor, como no vídeo abaixo, eles estão sempre cantando junto, ou em oitavas (as mesmas notas, apenas mais graves ou agudas).
A textura homofônica é a mais presente no nosso dia-a-dia, e que consiste numa melodia independente, acompanhada por outras notas que não constituem em si outra linha melódica de interesse. Ouvimos um exemplo na interpretação de Hamilton de Holanda e Daniel Santiago de "Pra Sempre" (Hamilton de Holanda).
A textura polifônica constitui na simultaneidade de linhas melódicas. Ainda que uma das melodias tenha maior destaque, se há duas ou mais melodias independentes e com sentido musical, temos polifonia. Ouça no vídeo abaixo, um choro, como há uma melodia no agudo e outra no grave, tocada pelo violão 7 cordas.
Há alguns casos em que é difícil perceber que há uma textura polifônica. J. S. Bach, em especial, é considerado o compositor que mais dominou a polifonia especialmente por criar polifonia mesmo com um só instrumento. No primeiro vídeo abaixo ouvimos o Kyrie da sua Missa em Si menor. A partir da entrada dos tenores (cerca de 2'30"), cada voz canta uma melodia que, por conter vários saltos, dá a impressão de ser, na verdade duas melodias simultâneas.
Tal recurso foi particularmente útil ao escrever para instrumentos sem acompanhamento, como ouvimos no Prelúdio da Suite 6 para violoncello.
Alguns compositores também nublaram a diferença entre polifonia e homofonia. Nessa canção (lied) de Schubert, O Rei dos Elfos (Der Erlkönig), ouvimos um exemplo. O piano cria uma ambientação para a melodia. A letra fala de um pai que corre para levar o filho para ser tratado, enquando o filho fala que vê o rei dos Elfos para levar sua alma para longe dos vivos. A mão esquerda do piano pontua melodias eventualmente, a mão direita faz incessantes acordes repetidos. Esses acordes criam uma outra textura, que faz alusão ao galope do cavalo, e em si ela se torna uma outra linha, portanto, constituindo polifonia.
Outro caso de polifonia difícil de perceber ocorre quando uma melodia está em muito destaque em relação às demais, como nesse estudo em si menor, de Fernando Sor (1778-1839), tocado por Julian Bream.
Cara, parabéns pelo blog!! Li quase todos seus post relacionados a música. Estão excelentes! Muito bom!
ResponderExcluirAbraços...
Parabéns pelo post! Tirou várias dúvidas minhas!
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