sábado, 7 de fevereiro de 2009

Planejando o estudo

Amigo internauta,

Músico tem de estudar muito. E sem cessar. Atribuí-se a vários virtuoses a mesma frase: "se eu parar de estudar um dia, eu noto a diferença; se parar de estudar dois dias, os críticos sentem a diferença; se parar de estudar três dias, o público ouve a diferença."

Como tocar um instrumento é uma habilidade, não o mero acúmulo de informação, e a chance de falhas na execução dessa habilidade é sempre alta, o músico convive com o estudo mais que com sua própria sombra. O apreço pelo estudo, portanto, é uma das principais características que diferenciam o músico profissional das pessoas que apenas gostam de tocar um instrumento.

Apesar dos músicos gostarem tanto de estudar, muitas vezes eles estudam errado, e não progridem de acordo com seus esforços. Uma das falhas mais comum é estudar o que já é sabido.

A principal função do estudo é adquirir informação / habilidade nova e consolidar conhecimento / habilidade recêm-adquirida. Na ânsia de consolidade algo novo, e sem muita ideia do que deve ser adquirido em seguida, com frequência o instrumentista se vê andando em círculos, estudando o que já foi estudado à exaustão.

Pra evitar essa perda de tempo, sugiro fazer um "autorretrato" dos seus conhecimentos.

Inicie escrevendo todas as habilidades e informações que você gostaria de ter. Por exemplo, "leitura à primeira vista", "improviso", "domínio de harmonia", "habilidades de composição", "vida e obra dos principais músicos da minha área", etc.

Em seguida, escreva o que você já fez pra dominar aquela habilidade, e quais seriam os próximos passos caso você queira se aprofundar ainda mais. Por exemplo, você pode escrever em "domínio de harmonia" que acabou de ler um livro sobre o tema, e que um próximo passo seria tocar com um amigo que sabe desse assunto mais que você, ou procurar um professor.

Após escrever essa lista, determine quão perto você está do máximo que você prentede dominar aquela habilidade. Escreva 0% para temas que você não domina, e 100% para temas que você já sabe tudo o que você gostaria, independente de quanto isso significa. Por exemplo, um músico pode considerar o que ele sabe de improviso, mesmo sendo pouco, tudo o que ele tem interesse em saber, então marcaria 100%. Já outro, mesmo dominando bem essa habilidade, têm ambições maiores, e pode marcar apenas 60%.

Ao final, é provável que as porcentagens atribuídas tenham números díspares. Caso isso ocorra, planeje seus estudos procurando equilibrar esses números, de forma a promover que seus "pontos fracos" tenham o mesmo nível de excelência dos seus "pontos fortes". Isso pode requerer mudar o tempo que você estuda cada tarefa ou buscar novas fontes de (in)formação (professores, livros, conviver com outros músicos, etc.).

Recomendo que, tanto para fazer esse "autorretrato", quanto para guiar todos seus estudos e sua vida profissional, você converse com um músico mais experiente. Embora muitos jovens possam se sentir tímidos, intimidados, ou achar que não vão receber a devida atenção, vários músicos têm prazer em dividir seu conhecimento e orientar outra pessoa de maneira informal - para muitos, é uma forma de reforçar o que já sabem e relembrar o entusiasmo que tinham no passado.

Faça esse mesmo exercício de tempos em tempos, amigo internauta. Aconselho que você mantenha um diário de estudos e escreva nele esse "autorretrato" em intervalos fixos.

Espero que essa forma de autoavaliação e autoconhecimento possa contribuir para você progredir de forma mais intensa nos seus estudos, e que você possa atingir mais rapidamente o que almeja.

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