sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Resenha de violões: Fernando Mazza 2008

Amigo internauta,

Recentemente tive a oportunidade de conhecer um violão desse luthier argentino, e gostaria de compartilhar minhas impressões sobre seu trabalho.

O tampo é de cedro canadense, com laterais e fundos laminados. Utiliza de técnicas de construção australianas, associadas a construtores como Simon Marty e Greg Smallman.

Embora o violão não tenha nem um ano de idade, apresenta sérios problemas. O tampo apresenta uma rachadura paralela à região da escala que fica sobre ele, quase com a mesma extensão da escala. A lâmina externa da lateral e do fundo apresenta problemas, e apresenta alguns buracos entre 0,5 cm a 1,5 cm de diâmetro. A escala empenou.

O instrumento está na Alemanha, e enfrentou condições climáticas distintas de Buenos Aires, aonde foi construído, o que pode explicar o ocorrido. Ainda assim, tantos estragos em tão pouco tempo não pode ser apenas resultado de mau-uso ou clima desfavorável.

O acabamento como um todo é muito grosseiro, e alguns detalhes que parecem cômicos, como uma pestana de metal bem tosca e um rastilho feito com muito desleixo.

Apesar de tantas falhas, ainda acho interessante falar desse instrumento porque ele é extremamente fácil de tocar, principalmente na mão esquerda. Foi um choque ver um violão que está se despedaçando por completo em tempo recorde estar entre os três mais fáceis de tocar que conheci. É o tipo de situação que nos faz perguntar como é possível luthiers muito mais talentosos não serem capazes de construir instrumentos que não tem a metade da facilidade de tocar como esse.

O violão soa como um violão de cedro normal. Tem um bom equilíbrio, com um pouco menos de parciais agudas (como diversos violões de cedro). Resposta rápida e linear. No entanto, o empeno na escala comprometeu todas as notas até a sétima posição, e exige que o intérprete toque com mais leveza ao tocar nas primeiras posições.

Tem um bom ataque, pequena sustentação, mas queda muito lenta e gradual. O formato do envelope sonoro num gráfico intensidade x tempo seria parecido ao de um triângulo retângulo.

Como o empeno na escala exige que se toque com mais leveza nas primeiras posições, só é possível ouvir bem todo o potencial do instrumento nas regiões agudas. A potência é acima da média, cerca de 8 numa escala de 0 a 10. Embora a situação em que testei não seja a mais adequada para avaliar como o instrumento soa à distância, fiquei com a impressão que a projeção está na média, e à distância ele não soe tão bem e claro. Porém, o que se ouve tocando é muito próximo do que a platéia ouve.

Recomendo esse violão para quem busca um violão extremamente fácil de tocar e de controlar o resultado sonoro final, a um preço competitivo (segundo fui informado, cerca de 4.400 reais). No entanto, a baixa durabilidade dele é preocupante, portanto acho mais seguro comprar de segunda mão um violão feito por esse artesão, ou aguardar algum tempo pra ele aprimorar sua técnica.

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